quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Uma rave sem aviso prévio


Se tem uma coisa que eu sempre gostei de fazer foi dormir bem. E bastante. Desde pequena, nunca fui de dormir tarde, e também nunca curti acordar cedo. Minha mãe, muito sábia, nunca me colocou pra acordar cedo pra ir pra escola, e eu só fui saber o que era isso quando cheguei no ensino médio. Depois, já mais velha, é claro que perdia noites de sono por uma boa balada, trocava o dia pela noite e, claro, pagava o preço disso. Até que fui percebendo que a qualidade do sono também estava diretamente ligada ao meu humor e à minha saúde... e passei a valorizar ainda mais as horas de sono bem dormidas. Tanto que, no mestrado, quando a maioria das pessoas varava noites para escrever suas dissertações, eu fiz questão de garantir os dias bem produtivos – para me encontrar com Morfeu todas as noites com a sensação de dever cumprido. E funcionou.

Como toda grávida que se preze, senti bastante sono no começo, que se estabilizou no meio do caminho, pra me fazer chegar no final aproveitando para descansar bastante, pois sabia que quando Luca nascesse, toda a rotina de sono conquistada ao longo de muitos anos estaria em xeque. E, claro, foi o que aconteceu. O sono dos bebês é imprevisível, e um dia ele pode dormir super bem, mas no outro pode resolver organizar uma rave na sua casa sem nenhum aviso prévio.

Bom, mas a verdade é que eu não tenho muito do que me queixar em relação ao sono de Luca. Desque ele nasceu, tem dormido super bem, especialmente à noite, quando embala de 6 a 8 horas seguidas, acordando uma vez pra mamar – duas, no máximo – e curtindo uma sonequinha durante o dia. O recorde dele dormindo foram 12 horas seguidas – e nesse dia, pasmem, eu acabei nem descansando direito, achando que ele podia acordar a qualquer momento...

Mas de vez em quando ele me prega umas peças e me quebra inteira. Porque eu to lá, seguindo o ritmo do sono dele durante o dia e à noite, procurando aproveitar o máximo desse tempo pra descansar, mas também pra deixar algumas outras coisas da vida minimamente organizadas. Não que eu seja muito exigente com a organização da casa – e nesse quesito Edu tem sido exemplar, ajudando na arrumação, na cozinha e nas compras – e nem que esteja escrevendo loucamente sobre a experiencia de ser mãe, mas eu preciso tomar banho, comer, e me conectar um pouco com o mundo também...

Eis que chega um belo dia, e ele resolve fazer a balada da madrugada e deixar todo mundo de plantão. O esforço pra conseguir interagir com ele quando isso acontece é sobrehumano, e nessas horas eu fico me perguntando se nasci mesmo pra isso... Ele tá lá, todo risonho, mamando, arrotando e descobrindo o mundo e eu to quase cochilando, tendo que tomar cuidado pra não derrubar ele do colo, de tão chapada... Mas ainda assim, é bacana ver que a falta de sono dele é porque são muitas informações pra processar, e às vezes não rola de dormir mesmo. Fico feliz porque percebo que é um sinal que ele está se desenvolvendo.

Essa semana, porém, eu me deparei com esse situação numa noite e, na noite seguinte, com uma outra não tão legal. Na primeira noite, pus ele pra dormir na hora normal, e ele me acorda depois de umas 3 horas dormindo... ligadaço. Não tinha incomodo, não tinha nem tanta fome assim. Ele queria brincar, olhar os pés que acabou de descobrir, o trenzinho na parede, queria ficar rindo de nada e de tudo ao mesmo tempo... vai saber o que se passa na cabeça de um bebê de dois meses. Resultado: eu e Edu tivemos que nos solidarizar a ele, e nos revezamos na hora de levantar pra (tentar) fazê-lo dormir.

No  dia seguinte, era dia de dar vacina. Eu até pensei em adiar, afinal ele não tinha descansado, nem eu, mas não dava, já estava passando do tempo e lá fomos nós... Eu não tenho essa de chorar junto com o bebê, sabe... eu até fico penalizada de vê-lo sofrer com a picadinha, mas meu senso prático fala muito alto nessa hora e eu sei que é para o bem dele. Sim, sou adepta convicta das vacinas, e confesso que até hoje não entendo direito os argumentos de quem não vacina seus pimpolhos...

Ele teve que tomar duas vacinas de gotinha e uma injeção. Foi choro atrás de choro e quando acabou, vesti a roupa dele, pus no sling e ele adormeceu... fomos pra casa torcendo para as reações serem as mínimas possíveis. Mas não aconteceu. Nas primeiras horas, a perna inchou, deu febre, e provalvemente dor no corpo todo, porque ele não conseguia dormir e chorava por nada e por tudo. Pra um bebê como Luca, que só chora de fome e reclama quando quer colo, isso já era totalmente fora do normal... O dia foi passando e tudo o que eu ouvia era um choro de dor, de lamento, pedindo colo, pedindo pra aquilo tudo passar logo... mas não passava. E era martirizante não poder fazer nada pra passar... e ainda por cima, querendo – muito – dormir...

Quando o dia caiu, ele estava no auge das reclamações. Nenhuma posição servia, ficar sem colo nem pensar, sugar o peito era uma dificuldade. Papai chegou, mais choro. Demos tilenol pra febre baixar, na esperança de agir também na dor. A temperatura normalizou ainda de noite, mas a dor... E tome leitinho e peitinho pra sugar e passar a dor, mas nada. Meus peitos estavam vazios, já que não tinha dormido e ele passou praticamente o dia pendurado.

Já era tarde quando finalmente parecia que ele ia dormir pra valer. Pus no berço e não se passaram 15 minutos pra ele acordar, com o berço provavelmente infestado de formigas que não o deixavam descansar... Edu se propôs a dormir com ele no colo no sofá da sala, pra que eu pudesse descansar e não prejudicar a produção de leite. Afinal, seria a segunda noite mal dormida, e o leite é produzido principalmente quando estamos relaxadas, de preferência dormindo...

Funcionou um pouco, mas ele logo acordou pedindo o peito. E dormiu rápido. Quando foi pro colo do pai de novo, já não era mais a mesma coisa... eu fui pra cama e Edu tentou nina-lo por um tempão, até que ele vomitou – provavelmente outra reação da vacina deve ter sido no estômago – e eu resolvi dar de mamar na cama, deitada, porque aí ele adormeceria no peito, mas já deitado... Edu se juntou a nós e assim amanhecemos o dia... Não preciso nem dizer o estado dos 3, né... sim, porque Luca também estava esgotado.

Minha vontade era ficar prostrada em casa, mas com um bebê no colo isso simplesmente não existe, então segui com a rotina. Foi a melhor coisa que fiz, porque isso o fez se sentir melhor e mais relaxado, conseguindo dormir. Ginástica logo cedo (não me perguntem como consegui energia pra fazer os exercícios... deve ser coisa que só quando a gente se torna mãe acontece mesmo...), muito colo, muito peito, muita brincadeira, mais algum incômodo na barriguinha no fim do dia, um cocozão pra terminar e... o monstro da vacina foi embora. Luca deixou Morfeu voltar pra casa, mandou as formigas para a toca delas... e papai e mamãe pra cama deles, que ninguém é de ferro. E a paz voltou a reinar no segundo andar. Até a próxima festa começar...

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