Eis que chegamos ao último mês do primeiro
ano de vida de Boluca... Não dá pra dizer que o tempo passou rápido demais, nem
devagar demais. Foram exatos 7 meses curtindo intensamente meu filhote, em
período integral, e mais 4 meses de muitas, mas muitas descobertas e aventuras.
Chegamos ao mês de maio de 2012 com Luca dando seus primeiros passos, e
dormindo a maioria das noites inteiras.
Sim, ele ainda dá umas acordadas surpresa,
que nos tira o rumo, mas tanto eu como Edu, apesar da leseira e de alguma
impaciência com esse processo, temos a tendência a encarar mesmo como uma fase
que se aproxima do seu final. Luca tem aceitado bem ir pro berço acordado e,
quando não, não fica acordando de hora em hora procurando o peito, só porque
dormiu nele. Minha conclusão é que a maioria das coisas que li durante esse ano
sobre o sono dos bebês é mito puro. Ou achismo. Ou aconteceu com o bebê de quem
escreveu. Ou um bebê próximo.
Enfim, fato é que aprendi que não, você não
precisa treinar seu filho dormir sozinho desde bem novo; ele vai te dar a dica
de quando estiver pronto pra isso. E vai aceitar, sem muita reclamação, ser
colocado no berço acordado, porque sabe que você estará por perto, velando seu
sono. Não, comer muito não ajuda o sono se prolongar. Não, chupeta também não
faz seu filho dormir a noite toda. Não, não tem problema deixar dormir no
peito. E, sim, tem problema fazer seu filho ficar chorando até dormir, só para
que durma do jeito que você acha melhor, ou que te disseram que é melhor. É
preciso paciência e disponibilidade para esperar o tempo dele, outro ser
humano, de se sentir seguro para dormir longe de você, do peito, de dormir
sozinho no berço. Eu não aguento ouvir ele chorando. É demais pros meus ouvidos
mas, principalmente, pro meu coração.
Bom, mas esse mês, além da rotina básica de
creche durante a semana e passeios no fim de semana, com direito a muito
peitinho em livre demanda, Luca demonstrou um salto no seu desenvolvimento, me
deixando com a sensação de que adquiriu a capacidade de aprender mais em menos
tempo. Nada fora do normal para a idade dele, mas como eu o acompanho desde que
nasci, hehe, e compartilho isso com quem quiser ler nesse mural eletrônico, não
posso deixar de registrar pequenos detalhes... E é engraçado como dá pra notar
o amadurecimento neurológico dele, o aumento da capacidade de fazer associações
e responder a estímulos... E a gente estimula, com brinquedos, com sons, com
imagens. Mas o que ele gosta mesmo é dos brinquedos proibidos: controle remoto,
telefone celular, telefone sem fio, bolsa, roupas, chaves... No carro mesmo o
que funcionou foram duas garrafinhas pequenas de agua: uma com um restinho de
água, e outra com arroz cru dentro. Ele vai se divertindo o caminho todo, faça
chuva, sol ou engarrafamento. E até dorme, para nossa alegria...
Bem, apesar de chorar muito pouco e
reclamar só do básico – fome e sono -, nosso personagem ainda demonstra uma
certa ansiedade na separação e, apesar de não ter mais chorado quando eu o
deixo na creche, sempre tenta voltar pro meu colo quando me despeço dele. Ele
entende o momento e faz o papel dele: querer a mamãe por perto o máximo que der.
Outro dia, porém, um fato inédito: quando cheguei para pegá-lo na creche, ele
estava tão entretido com um brinquedo de montar que sequer deu conta da minha
presença, e nem veio ao meu encontro, como sempre faz. Continuou brincando como
se eu não estivesse lá e deu show quando o peguei no colo para irmos embora...
As educadoras também me relataram que ele já começou a disputar alguns
brinquedos, e não deixa tomarem nada da sua mão se não for da sua vontade.
Mas Luca é realmente um bebê cheio de
atitude e temperamento, e não só com os brinquedos, mas com as companhias: seja
na creche ou com a gente, só vai no colo de quem conhece e sente confiança. E
isso costuma ser um processo que dura algum tempo a cada lugar que a gente
chega, em que ele vai se ambientando aos poucos e baixando a guarda. A gente
incentiva, mas não força. Luca tem o direito de ficar no colo de quem ele
quiser, e não vejo nada de errado ou ruim nisso. Cada um tem seu tempo de se
socializar, e ele só sai do nosso colo se tomar a iniciativa para tanto. Quando
me perguntam se podem pegá-lo eu digo que é pra ele que precisam perguntar. Ele
é quem precisa ser conquistado. Eu dou algumas dicas, do tipo, ele não gosta de
muita festa na aproximação, é um guri low profile, rsrsrs... Então se a pessoa
chegar de mansinho, tiver paciência de esperar e ganhar sua confiança, consegue,
sim, desfrutar daquele bebezinho gordinho e fofinho, em seu colo, por alguns
momentos, e ganha até uma risada e um chamego. E isso vale pra todo mundo,
inclusive avós, irmã, tios. E até pra gente, porque de vez em quando dá a louca
de verdade no bebê e ele chora pra sair do meu colo pro do Edu e vice-versa. O
mais engraçado é que a gente percebe que durante o dia ele requisita o colo do
pai o tempo todo; à noite, não sai do meu nem por decreto.
Outra coisa digna de registro é a atenção
que ele dispensa ao que acontece à sua volta. Além de estar sempre ligado nas
conversas que acontecem ao redor dele, dirigindo o olhar para cada
interlocutor, ele começou a associar de forma mais forte as palavras aos seus
significados. Coisas simples como luz, comida, banho, o próprio nome, não...
uma demonstração clara de que está se preparando para uma nova forma e
comunicação. Ele já nos chama quando quer atenção, seu nenemzês está cada vez
mais complexo, composto por uma variedade muito
maior – e por vezes combinada – de sons, entonações, noutra atitude
comunicativa. Um barato. Mamãe e papai ainda não estão na lista de palavras,
aliás, ainda não tivemos nenhuma palavra específica, apenas alguns balbucios e
imitações de algumas coisas que a gente fala, mas acho que sem muita
consciência.
Mas a grande novidade do mês, mesmo, foram
os primeiros passos. A primeira vez, pra minha frustração, foi na creche, na
presença das suas educadoras. Eu quase chorei quando me contaram, e tive que
segurar a onda por ter perdido essa primeira vez tão importante. Só me restou
pedir detalhes do feito do meu mininu e torcer para a vez seguinte não demorar
muito. E alguns dias depois, uma nova investida na nova habilidade, dando
alguns passinhos sozinhos antes de cair de bunda no chão. Ele ja vinha dando
sinais de que esse dia estava próximo, pois ficava numa alegria só quando dava
alguns passos escorado em algum móvel da casa, prática que se tornou realmente
mais frequente esse mês. Mas quando quer ser ágil, logo põe as duas mãos no
chão e sai num engatinhar que lhe é peculiar, arrastando o joelho esquerdo e o
pé direito, e vice-versa. Ultimamente tem engatinhado também só com os pés,
como quem estivesse procurando o ponto de equilíbrio para uma vida bípede cada
dia mais próxima.
E, apesar da felicidade com a conquista,
não deu pra não sentir uma ponta de tristeza por saber que essa foi só uma das
primeiras vezes que eu ainda vou perder. Seja porque passo a maior parte do dia
longe dele, deixando-o aos cuidados da creche, seja porque à medida que ele
crescer, vai passar ainda mais tempo longe de mim, experimentando coisas novas,
das quais eu não vou participar, porque a vida é assim. A gente nasce pra
ganhar o mundo, e não pra viver numa bolha isolada, apenas com as influências
de nossos pais. E que bom que é assim, pois senão a vida teria muito menos
graça. Mas que ruim pra nós, mães, que passamos tantos meses assando nossos
bolinhos, damos à luz, amamentamos e não temos nem o direito de ficar bravas
porque eles fizeram coisas novas longe da gente. Temos mais é que comemorar a
autonomia, literalmente passo a passo, conquistada.