segunda-feira, 30 de abril de 2012

Primeiros passos


Eis que chegamos ao último mês do primeiro ano de vida de Boluca... Não dá pra dizer que o tempo passou rápido demais, nem devagar demais. Foram exatos 7 meses curtindo intensamente meu filhote, em período integral, e mais 4 meses de muitas, mas muitas descobertas e aventuras. Chegamos ao mês de maio de 2012 com Luca dando seus primeiros passos, e dormindo a maioria das noites inteiras.

Sim, ele ainda dá umas acordadas surpresa, que nos tira o rumo, mas tanto eu como Edu, apesar da leseira e de alguma impaciência com esse processo, temos a tendência a encarar mesmo como uma fase que se aproxima do seu final. Luca tem aceitado bem ir pro berço acordado e, quando não, não fica acordando de hora em hora procurando o peito, só porque dormiu nele. Minha conclusão é que a maioria das coisas que li durante esse ano sobre o sono dos bebês é mito puro. Ou achismo. Ou aconteceu com o bebê de quem escreveu. Ou um bebê próximo.

Enfim, fato é que aprendi que não, você não precisa treinar seu filho dormir sozinho desde bem novo; ele vai te dar a dica de quando estiver pronto pra isso. E vai aceitar, sem muita reclamação, ser colocado no berço acordado, porque sabe que você estará por perto, velando seu sono. Não, comer muito não ajuda o sono se prolongar. Não, chupeta também não faz seu filho dormir a noite toda. Não, não tem problema deixar dormir no peito. E, sim, tem problema fazer seu filho ficar chorando até dormir, só para que durma do jeito que você acha melhor, ou que te disseram que é melhor. É preciso paciência e disponibilidade para esperar o tempo dele, outro ser humano, de se sentir seguro para dormir longe de você, do peito, de dormir sozinho no berço. Eu não aguento ouvir ele chorando. É demais pros meus ouvidos mas, principalmente, pro meu coração.

Bom, mas esse mês, além da rotina básica de creche durante a semana e passeios no fim de semana, com direito a muito peitinho em livre demanda, Luca demonstrou um salto no seu desenvolvimento, me deixando com a sensação de que adquiriu a capacidade de aprender mais em menos tempo. Nada fora do normal para a idade dele, mas como eu o acompanho desde que nasci, hehe, e compartilho isso com quem quiser ler nesse mural eletrônico, não posso deixar de registrar pequenos detalhes... E é engraçado como dá pra notar o amadurecimento neurológico dele, o aumento da capacidade de fazer associações e responder a estímulos... E a gente estimula, com brinquedos, com sons, com imagens. Mas o que ele gosta mesmo é dos brinquedos proibidos: controle remoto, telefone celular, telefone sem fio, bolsa, roupas, chaves... No carro mesmo o que funcionou foram duas garrafinhas pequenas de agua: uma com um restinho de água, e outra com arroz cru dentro. Ele vai se divertindo o caminho todo, faça chuva, sol ou engarrafamento. E até dorme, para nossa alegria...

Bem, apesar de chorar muito pouco e reclamar só do básico – fome e sono -, nosso personagem ainda demonstra uma certa ansiedade na separação e, apesar de não ter mais chorado quando eu o deixo na creche, sempre tenta voltar pro meu colo quando me despeço dele. Ele entende o momento e faz o papel dele: querer a mamãe por perto o máximo que der. Outro dia, porém, um fato inédito: quando cheguei para pegá-lo na creche, ele estava tão entretido com um brinquedo de montar que sequer deu conta da minha presença, e nem veio ao meu encontro, como sempre faz. Continuou brincando como se eu não estivesse lá e deu show quando o peguei no colo para irmos embora... As educadoras também me relataram que ele já começou a disputar alguns brinquedos, e não deixa tomarem nada da sua mão se não for da sua vontade.

Mas Luca é realmente um bebê cheio de atitude e temperamento, e não só com os brinquedos, mas com as companhias: seja na creche ou com a gente, só vai no colo de quem conhece e sente confiança. E isso costuma ser um processo que dura algum tempo a cada lugar que a gente chega, em que ele vai se ambientando aos poucos e baixando a guarda. A gente incentiva, mas não força. Luca tem o direito de ficar no colo de quem ele quiser, e não vejo nada de errado ou ruim nisso. Cada um tem seu tempo de se socializar, e ele só sai do nosso colo se tomar a iniciativa para tanto. Quando me perguntam se podem pegá-lo eu digo que é pra ele que precisam perguntar. Ele é quem precisa ser conquistado. Eu dou algumas dicas, do tipo, ele não gosta de muita festa na aproximação, é um guri low profile, rsrsrs... Então se a pessoa chegar de mansinho, tiver paciência de esperar e ganhar sua confiança, consegue, sim, desfrutar daquele bebezinho gordinho e fofinho, em seu colo, por alguns momentos, e ganha até uma risada e um chamego. E isso vale pra todo mundo, inclusive avós, irmã, tios. E até pra gente, porque de vez em quando dá a louca de verdade no bebê e ele chora pra sair do meu colo pro do Edu e vice-versa. O mais engraçado é que a gente percebe que durante o dia ele requisita o colo do pai o tempo todo; à noite, não sai do meu nem por decreto.

Outra coisa digna de registro é a atenção que ele dispensa ao que acontece à sua volta. Além de estar sempre ligado nas conversas que acontecem ao redor dele, dirigindo o olhar para cada interlocutor, ele começou a associar de forma mais forte as palavras aos seus significados. Coisas simples como luz, comida, banho, o próprio nome, não... uma demonstração clara de que está se preparando para uma nova forma e comunicação. Ele já nos chama quando quer atenção, seu nenemzês está cada vez mais complexo, composto por uma variedade muito  maior – e por vezes combinada – de sons, entonações, noutra atitude comunicativa. Um barato. Mamãe e papai ainda não estão na lista de palavras, aliás, ainda não tivemos nenhuma palavra específica, apenas alguns balbucios e imitações de algumas coisas que a gente fala, mas acho que sem muita consciência.

Mas a grande novidade do mês, mesmo, foram os primeiros passos. A primeira vez, pra minha frustração, foi na creche, na presença das suas educadoras. Eu quase chorei quando me contaram, e tive que segurar a onda por ter perdido essa primeira vez tão importante. Só me restou pedir detalhes do feito do meu mininu e torcer para a vez seguinte não demorar muito. E alguns dias depois, uma nova investida na nova habilidade, dando alguns passinhos sozinhos antes de cair de bunda no chão. Ele ja vinha dando sinais de que esse dia estava próximo, pois ficava numa alegria só quando dava alguns passos escorado em algum móvel da casa, prática que se tornou realmente mais frequente esse mês. Mas quando quer ser ágil, logo põe as duas mãos no chão e sai num engatinhar que lhe é peculiar, arrastando o joelho esquerdo e o pé direito, e vice-versa. Ultimamente tem engatinhado também só com os pés, como quem estivesse procurando o ponto de equilíbrio para uma vida bípede cada dia mais próxima.

E, apesar da felicidade com a conquista, não deu pra não sentir uma ponta de tristeza por saber que essa foi só uma das primeiras vezes que eu ainda vou perder. Seja porque passo a maior parte do dia longe dele, deixando-o aos cuidados da creche, seja porque à medida que ele crescer, vai passar ainda mais tempo longe de mim, experimentando coisas novas, das quais eu não vou participar, porque a vida é assim. A gente nasce pra ganhar o mundo, e não pra viver numa bolha isolada, apenas com as influências de nossos pais. E que bom que é assim, pois senão a vida teria muito menos graça. Mas que ruim pra nós, mães, que passamos tantos meses assando nossos bolinhos, damos à luz, amamentamos e não temos nem o direito de ficar bravas porque eles fizeram coisas novas longe da gente. Temos mais é que comemorar a autonomia, literalmente passo a passo, conquistada.