segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Primeiras peripécias

Outro dia recebi um email que achei um barato. A mãe, hiperativa como esta que vos escreve, se dedica a, uma vez por mês, registrar as principais ocorrências com seu pimpolho, um sorridente guri de 8 meses de idade. Eu, que sempre gostei de escrever e até criei um blog para registrar minhas impressões e sensações sobre a gravidez e maternidade, adorei, e resolvi copiar a idéia. Fico pensando que Luca poderá curtir esses relatos quando tiver idade para entender. Ou o contrário, vai odiar essa mãe bocão, que fica contando todos os micos dos seus primeiros meses de vida. Bem, mas vou correr o risco. Na pior das hipóteses, quando ele tiver idade pra entender, quem vai curtir lembrar desses dias serei eu...

Bem, o que acontece é que Luca está com quase três meses e vai ser difícil resgatar o que aconteceu até aqui de forma sistemática. Assim, esse primeiro texto tratará de relembrar um pouco do primeiro e do segundo mês e, a partir do próximo, farei a coisa mensalmente. Espero que ele deixe!

Eu já contei aqui que Luca nasceu em casa, mas acho que não mencionei que o primeiro mês foi passado praticamente inteiro dentro do apartamento. Eduardo tirou uma licença paternidade por conta própria – como é bom trabalhar para si mesmo! – e ficou os 30 primeiros dias de vida  de Luca lambendo a cria e cuidando da mamãe aqui, pra que ela pudesse comer bem pra ter bastante leite, e pudesse dormir quando o neném dormia.

Saímos pouquíssimas vezes, uma pra tomar vacina, outra pra resolver burocracias de licença-maternidade – afinal, eu tenho chefe – e umas outras duas, sempre muito rápidas. Nessas saídas, descobrimos que o carro era um ótimo sonífero para recém nascidos, pois era Luca entrar, pra não mais acordar. Não que ele tivesse problemas para dormir nesse começo, pelo contrário, era mamar e chapar, no carrinho, no berço, na nossa cama... infelizmente, quando foi chegando perto de completar um mês, tudo mudou, e a gente teve que descobrir alguns truques pra fazer o bebê capotar – e nos deixar dormir também...

Uma feliz descoberta do mês foi o livro da Laura Gutman – A maternidade e o encontro com a própria sombra -, excelente para lidar com os hormônios do puerpério e descobrir que sim, o neném sente tudo que a gente sente, o que nos obriga a assumir uma outra postura diante da vida se quisermos ter alguma tranquilidade. Porque o nervosismo, quando vem, chega em dobro, literalmente – o nosso e o deles. O segundo achado foi o Dr. Karpp, autor do livro “The happiest baby on the block”, no qual eu aprendi a enrolar Luca bem apertadinho no cueiro e a fazer “sshhh, sshhhh” no ouvido dele quando ele ameçava despertar, expedientes valiosíssimos adotados após cada mamada sonífera...

A outra descoberta é que eu não tinha parido um bebê humano, mas um bezerro, que não desgrudou do peito praticamente o mês inteiro. A mamãe aqui, determinada a amamentar exclusivamente por 6 meses, resolveu sublimar, e não foram poucas as vezes que o peito vertia leite e os olhos, lágrimas. Me convenci que só assim, me entregando a todos os sentimentos, bons e ruins que aparecessem, pra não secar o leite, e assim seguimos muito bem até hoje, obrigada. Os mamilos ficaram resistentes após contraírem um fungo, e hoje ele mama feliz da vida, me fazendo rir a cada vez que me olha com aquela boquinha vazando leite...

No mais, foi um mês sem muita rotina, apenas seguindo as orientações de Luca quanto aos horários de comer e dormir. Eduardo cozinhava enquanto eu dava de mamar e, quando ele dormia, a gente comia, e depois eu dormia. Quando ele não dormia, a gente se revezava na mesa pra comer e depois lá ia eu tentar fazer o guri dormir de novo.

Por fim, quando a coisa tava realmente bagunçada, lá pela terceira semana, e Luca não largava o peito e eu me sentia exausta, decidimos tentar uma chupetinha. Passamos a gravidez inteira demonizando a dita cuja, pra pagar a língua tão cedo... que raiva, mas íamos tentar com uma chupeta cheia de frescuras, pra não atrapalhar a amamentação, não dar problema no céu da boca etc., etc., etc... Fizemos uma rápida pesquisa e tenho certeza que  compramos o produto mais caro disponível. Trouxemos o artefato para  casa, faceiros e certos de que assim, ele sossegaria. Ferve água, esteriliza o objeto, pega o neném, põe no colo, oferece a chupeta e... Luca mostra para mamãe e papai uma habilidade inata: arremesso à distância. A gente é brasileiro e não desiste nunca, até hoje apelamos pra ela em momentos de desespero... mas acontece que Luca também é brasileiro... e foi aperfeiçoando-se na técnica de cuspe de chupeta à distância. E, no final das contas, acabou que ela nem foi tão necessária assim.

Pra fechar o mês, na primeira consulta com a pediatra, que já tinha sido escolhida no sexto mês de gravidez, saímos orgulhosos de constatar o que nossos olhos não nos deixavam com dúvidas: o leite materno é realmente poderoso, pois nosso filho havia ganhado mais de 1 kg e crescido 3 cm.

No segundo mês, eu me vi às voltas sozinha com um bebê em casa. Dar de mamar, trocar fralda, dar banho, por pra dormir, brincar – bom isso nem tanto, porque bebês nessa idade só querem saber de peito – e ainda comer e tomar banho pareciam coisas inconciliáveis. Pra piorar, Luca passou uma semana sem tirar uma sonequinha sequer à tarde, aumentando minha agonia. Mas até que nos viramos bem, pois de noite ele estava dormindo entre 6 e 8 horas seguidas. Pra mamar, bem, pra mamar ele nunca teve problema...

Na segunda semana, vovó Beth – minha mãe – chegou de São Paulo cheia de dengos para o primeiro netinho e de mimos para a mamãe aqui. A empatia entre os dois foi imediata e eu só fiquei observando como é que se dá uma canseira em um bebê... Luca voltou a dormir de tarde, e o melhor, continuou dormindo um monte de noite. Tem coisas que só a sua mãe faz pra você... Vovô João e tia Paula se juntaram à família Buscapé e o que se via era um bebê literalmente boquiaberto com tanta gente nova por perto...

Nesse mês, as saídas aumentaram, incluindo banhos de sol de manhã ou no fim da tarde, e alguns almoços fora de casa, que mamãe também precisa olhar um pouco o mundo, pra lembrar que ele existe...

O segundo mês de Luca no mundo foi também o mês do aniversário da mamãe. Bem, 31 anos não tem o mesmo glamour que os 30, e com um bebê no colo, minha maior comemoração, eu não estava esperando muito coisa... Tivemos visitas nesse dia, mas o principal acontecimento foi a deferência de Luca com sua progenitora, presenteando-a com um jato amarelo de cocô que se espalhou por todo o quarto e por pouco não acerta o papai, que estava ingenuamente trocando uma fralda. Vovô João, por SMS,  deu a sentença: fica tranquila que é só o primeiro. Bem, ainda não fomos agraciados novamente, mas o episódio serviu pra ficarmos mais espertos quando ele resolve fazer força...

Esse mês foi particularmente interessante porque nosso protagonista começou a esboçar sorrisos, e também a interagir mais, emitindo sons diversos, e por vezes dando a todos a impressão de que iria falar! Hahahaha... Os sorrisos eram puro interesse, pois ele só fazia isso quando sabia que o pegaríamos no colo ou daríamos de mamar. E ai de quem não entendesse o recado: seria alvo de suas potentes cordas vocais! Engordando a cada dia, ganhou um apelido: Bolota. E, para fazer frente ao ganho de peso, que já passou dos 6kg, exercícios diários para fortalecer a musculatura do pescoço. Até que ele não se queixa de ficar de bruços, mas é bom registrar que a paciência dele nessa posição ainda é pouca...

A retomada dos exercícios físicos pela mamãe, para recuperar a forma perdida com a gravidez – ou então ganhar uma nova, desde que o manequim volte a ser o mesmo - foi outra novidade. Descobrimos uma ginástica super legal, que rola no Parque da Cidade, aqui em Brasília, que incorpora os bebês nos exercícios. A gente leva eles no carrinho, sai pra fazer caminhada, corrida, trabalhando as partes do corpo onde oestrago é maior... No começo Luca estranhou um pouco ter que ficar no carrinho tanto tempo seguido, e chorou bastante, não deixando a mamãe aqui fazer a aula completa. Mas já no terceiro dia entramos num acordo: eu deixava ele de barriga  cheia antes da aula e ele topava ficar no carrinho por uma horinha, deixando a mamãe se exercitar.

A parceria deu tão certo que passamos a sair todos os dias pela manhã pra passear: três dias na ginástica, dois dias uma bela caminhada nos arredores de casa. E, na volta, ele ainda me deixa tomar banho e comer uma frutinha para repor as energias antes da mamada pós-exercício... Que filhote tão bonzinho que eu tenho, rsrsrs...

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