quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Boluca vai alhures

(O mensário de novembro está sendo publicado com antecedência pela peculiaridade dos acontecimentos desse mês, passado quase inteiramente fora de nossa casa, em Brasília. No próximo, atualizo aquilo que for relevante desses últimos dias do sexto mês...)

No sexto mês, o que não faltou foi novidade na vida de Boluca. A começar pela primeira viagem de avião, as primeiras noites fora de casa e a primeira grande (e esperamos que última!) temporada sem papai por perto... Da viagem de avião não temos fotos para mostrar, não por falta de vontade, mas é que nosso personagem simplesmente chapou o cabeção no colo da mamãe na ida E na volta, acordando pra só mamar quando estávamos prestes a aterrisar... Mas tudo bem, no mês que vem tem mais viagem de avião, quem sabe ele não colabora bastante e dá até um sorrisinho pra câmera?

Sim, porque em 20 dias em São Paulo, na casa da vovó Beth e vovô João, dá pra contar nos dedos quantas vezes Luca deu uma risada gostosa pra câmera. É só ligar a dita cuja, que mininu trava a boca e arregala os olhos, já esticando as mãozinhas pra tentar pegar o objeto. Mas até que rendeu boas imagens essa viagem...

Logo que instalados, botamos Luca no chão para brincar um pouco e ele não demorou a mostrar suas habilidades recem adquiridas para os avós, rolando com desenvoltura sobre o tapete improvisado na sala, fazendo abdominal (pra tentar sentar sozinho), ficando sentado quando colocado nessa posição, empinando a bunda e... tentando engatinhar. Essa era nova até pra mim, porque em casa ele ainda estava no esquema se arrastando pra trás...

E mininu encasquetou com esses 5 movimentos/posições diferentes durante todos os dias que passamos lá, dia e noite, literalmente. Literalmente porque ele passou as madrugadas acordando de hora em hora para praticar, e claro, queria mamar depois de tanta malhação. Eu achava um barato, mas o duro é que não tinha Edu pra dar uma força quando eu já estava pedindo arrego... Era mamãe e mamãe. Quem leu as aventuras do quarto mês já sabe como eu fiquei...


Mas o progresso dele nesses dias todos foi incrível: já consegue se arrastar em direção a um objeto, rola bem pros dois lados, fica em posição de gatinho e tenta deslocar os pés, dela consegue se sentar, ainda que mantendo um braço apoiado no chão (na primeira noite em Brasília ele sentou completamente sozinho, duas vezes, mas ninguém  viu... hahaha... danadinho fazendo as coisas escondido da mamãe e do papai...), consegue abaixar e erguer o tronco sozinho quando está sentado, pega os objetos que lhe interessam, e come os pés com desenvoltura, enfiando 4 dedos de uma vez só na boca. Chegou em SP um neném e saiu praticamente outro.

Bom, a viagem não foi só malhação: nós passeamos, e muito. Eu, que andava reclamando das péssimas e inacessíveis (quando não inexistentes) calçadas de Brasília, mal sabia que estava cuspindo para o alto... São Paulo é simplesmente impossível passear de carrinho com tranquilidade. As calçadas não tem padrão, são cheias de buraco e cheias, cheias de gente... Uma loucura. Mas Luca é bonzinho, curte o carrinho, curte dormir nele, então muito pouco reclamou... Assim, andamos pelo bairro onde meus pais moram, de manhã e à tarde, todos os dias, para respirar um pouco de ar (cof, cof) puro da Paulicéia... E  fomos parar até na Av. Paulista, onde éramos literalmente o único trio mãe-filho- carrinho circulando... Frisson total, hahaha...

Pra além desses passeios, Luca conheceu muita gente nova. Amigos e amigas queridas, de longa data, com filhos ou sem, primos e primas, fato é que deu pra matar a saudade de muita gente e colocar Luca um pouco em contato com outras crianças, e foi muito divertido. Algumas ele estranhou, como a filha de um ano e meio de uma super amiga, e estamos torcendo pra daqui um ano, quando os dois estiverem mais “de igual pra igual”, a coisa se harmonizar um pouco mais, hehehe. Com os priminhos, por outro lado, foi farra pura. Luca é o mais novo dessa nova geração de primos do lado da família do meu pai, desbancando a antiga caçula, um linda garotinha de 3 anos, com quem ele mais brincou. Mas ele virou praticamente o mascote da  criançada e eu, que tive medo dele estranhar crianças maiores, que às vezes podem ser uns demônios, rsrs, foi só sorrisos com a molecada. Uma delícia.

Pra matar a saudades do marido-papai, que estava muito longe, tínhamos o skype. A conexão não era lá essas coisas, nem Luca conseguia ficar muito tempo na frente do computador sem tentar destruir o teclado ou desligar a máquina (como de fato fez um dia, cortando toda a comunicação com Edu...), mas era um barato perceber que ele reconhecia o pai na fisionomia, nos barulhinhos, na voz... bonito de ver esse elo de tanto amor.

Lições de nenenzês, a missão: nosso guri anda variando os sons emitidos, e tem, sim, dias calados, como sua mãe e seu pai também. Mas quando abre a matraca, ai, ai, ai... Ele agora anda tão espertinho que já sabe repetir alguns sons que fazemos pra ele. E às vezes eu posso jurar que estamos estabelecendo uma franca conversa, com ritmo próprio, na qual um fala, o outro responde, e todos riem no final...

Mas o que eu queria mesmo era ter filmado meu pai tentando filmar uma conversa dele com os brinquedos. Pra variar, era só chegar a câmera perto dele, que ele silenciava e ficava sério. Vovô tentava de tudo, mas nada acontecia. Uma hora ele desistiu e desligou a câmera, no que Luca automaticamente desatou a tagarelar aquelas coisas que só ele entende... Meu pai, do alto dos seus 65 anos, olha pra mim como se ainda tivesse 5 e diz: “agora ele começa a falar! Vê se pode!”...  É, a ligação entre avós e netos é indiscutivelmente singular... Coisas que só entende quem está começando a vida e quem já passou da metade do caminho... Nós, aqui do meio do percurso, só vamos nos lembrar como é isso (afinal, já fomos bebês um dia, né?) mais adiante... Por ora, só me resta, tal como Luca e eles, babar um pouco nessa relação...

Quando Luca chegou em SP, tinha acabado de ir na consulta da pediatra e estava pesando 8,5 kg, distribuídos em 66 cm de pura gostosura... No final da viagem, meus pais insistiram e lá fomos nós fazer uma pesagem numa balança de farmárcia... qual não  foi minha surpresa em constatar que, prestes a completar 6 meses, meu guri continua ganhando peso, muito peso: Passou dos 9kg com folga! Tudo à base de muita amamentação em livre demanda, que tem me ajudado a recuperar meu peso original, bem como meu manequim. Viva o leitinho da mamãe!

Mas como eu já havia adiantado no mês passado sobre os sinais que Boluca vinha me dando de que estava pronto para começar a introdução dos alimentos sólidos, nesse mês a coisa se intensificou muito. Ele baba (mais e mais) quando vê a gente comendo, e se está no colo, já vai logo tentando tomar da nossa mão. Meu pai diz que é o cheiro, eu vejo mais como curiosidade, já que ele põe tudo na boca mesmo. No fim das contas são as duas coisas juntas, porque ele já entendeu que a gente não mama, mas põe outras coisas na boca, e engole. E ele tá querendo fazer a mesma coisa. A outra coisa que eu tenho percebido é que o gasto calórico dele aumentou, com a maior mobilidade que ele adquiriu: por isso solicita mais mamadas, para repor as energias. Mas, embora eu saiba que meu leite tem todos os nutrientes que ele precisa, eu sei também que ele é muito facilmente digerido, e Luca agora está precisando de mais sustância...

Em SP, depois dele virar um prato cheio de frutas que eu tinha preparado para o meu café da manhã, fiz alguns experimentos com ele, um foi dar uma cenoura crua na mão dele, que ele demorou um pouco de pegar,  mas depois parecia o Pernalonga... E a outra foi numa lanchonete, onde eu estava tomando um saudável suco de beterraba, cenoura e laranja, que ele quase derrubou da minha mão tentando pegar, quando me ocorreu de dar um pouco pra ele numa colherinha. Ele babou metade do conteúdo pra fora, mas curtiu. Minha mãe estava junto e também quis entrar na brincadeira, mas teve a idéia de dar só a espuma pra ele. E aí mininu foi ao delírio, quase engolindo a colherinha junto. Uma farra. Eu e Edu já temos conversado bastante sobre isso e também estamos muito animados com essa nova fase dele, achamos que será um barato vê-lo provando novos sabores e novas  texturas... Isso provavelmente povoará quase todas as experiencias do próximo mês... Oba!

A volta pra casa deixou saudades nos avós, mas era muito esperada por mim e por Edu, e quando aconteceu, foi um barato o reencontro entre os dois. Luca era só risadas pro papai, se aconchegou no colo dele ainda no aeroporto, uma delícia. Chegando em casa, estranhou um pouco o “novo” ambiente, choramingou, deixou o pai encanado achando que mininu estava estranhando ele, mas nossa primeira noite juntos depois da viagem foi muito boa, principalmente porque tinha mais alguém pra tentar fazer mininu dormir. Claro, Luca ainda mantém o padrão de sono adquirido em SP, e eu tive que levantar umas duas vezes pra dar de mamar, e o Edu me levou ele mais uma logo que amanheceu. Mas aos poucos vamos entrando novamente nos eixos da vida familiar, que ficou ainda mais gostosa depois do reencontro, pela confirmação e certeza do acerto de nossas escolhas.