domingo, 24 de junho de 2012

uma semana entre meninos

no último post eu falei sobre os momentos que tenho vivido separada de Luca, pelas mais variadas razões. o último, particularmente mais longo, durou uma semana, em virtude de uma viagem a trabalho. e, claro, quem ficou cuidando integramente do guri foi o pai, Edu. ele fez uma narrativa de alguns dos fatos ocorridos nessa semana em que os meninos dominaram o lar da família Egas François (alguns, porque não foram poucos os que ficaram ocultos, alguns me fazendo morrer de rir, outros de ter vontade de arrancar os cabelos...), super bem humorada, lá no Facebook, mas achei que tinha tudo a ver reproduzir aqui.


"Balanço das últimas 24h: Chegamos em casa e papai percebeu que tinha esquecido a chave dentro de casa, porque era dia da Tati, a diarista, então não saiu com a chave na mão. Tivemos que chamar o chaveiro e ficamos brincando em baixo do prédio até o chaveiro chegar.

A brincadeira me cansou um pouco, então quando definitivamente aquele moço conseguiu abrir a porta de casa, eu tava todo babado então fomos tomar banho. Papai disse que estava com dor nas costas e por isso ia me dar banho no chuveiro, mas ele entrou comigo debaixo da água, o que eu não entendi, porque como ele pretendia se enxugar e me segurar ao mesmo tempo? Dito e feito, ele me enrolou na toalha e saiu pingando do banheiro até o meu quarto. E depois se enrolou na toalhona dele que é bem maior que a minha, mas não tem capuz. Depois disso tudo, resolvi mamar, porque brincar esperando o chaveiro e tomar banho com o papai casa, sabe.

Mamei tudo e dormi, enquanto o papai conversava com a Letícia, minha irmão, no telefone, por mensagens e me disse que tava resolvendo um outro problema da escola, como ele consegue me fazer dormir e digitar mensagens ao mesmo tempo, eu não sei, mas ele fez isso. Só que depois do soninho, não acordei meia noite como de costume porque tava morto e também o coroa tava com dor nas costas e resolvi dar um tempo pra ele. Mas lá pelas 4 da manhã minha fralda encheu demais e tive que reclamar. Depois do papai trocar a fralda e me dar mais leite, dormi de novo e só acordei às sete. Quando estávamos prontos para sair de casa, depois do papai suar pra me vestir, tinha alguma coisa na minha garganta e resolvi dar uma vomitadinha pra acabar logo com o incômodo. Olhei pra cara do papai e dei uma risadinha depois da performance exorcista e ele saiu correndo pra me trocar e me limpar.

Enfim saímos de casa e quando chegamos na creche, não tinha nenhuma moça que eu gosto lá, nem a que eu não gosto, mas só mulheres esquisitas. Olhei pro papai e ele entendeu o meu pedido: "nem sonha em me deixar aqui". As moças ficavam falando pra ele que estava tudo bem, que podia ir embora, mas o papai inexplicavelmente ficou surdo de repente e ficou brincando comigo e com o Heitor na sala, porque nenhum dos dois estava muito afim de ficar ali com aquelas mulheres esquisitonas. Mas depois de um cinco minutos a Neide chegou e udo ficou ótimo. Me joguei no colo dela e o Heitor saiu pra pegar um outro brinquedo. Finalmente dei um beijo no papai que foi trabalhar meio torto por causa da dor nas costas, mas tava com uma cara ótima.

Engraçados esses adultos....

Um beijo para vocês, Luca."



ps. de minha parte, viajei com total confiança de que tudo funcionaria bem. e, quando chego, percebo que não estava enganada. vejo meus dois amores super sintonizados, unidos e cheios de novidades pra me contar, com uma dinâmica própria que desenvolveram nesses dias de contato extremo. claro que estar só, tendo que se responsabilizar pelos cuidados de um bebê nunca é simples, e eu bem o sei, pois Edu já viajou inúmeras vezes por aí desde que Luca nasceu. mas não é impossível. por isso, penso que, para ele, que é o pai, e de quem não é esperado que cumpra essa tarefa, imagino que foi uma experiência inusitada e desafiadora, mas da qual ele deu conta muito bem. e que acabou permitindo com que ele ficasse mais próximo do filho, porque na correria do dia a dia, e tendo a mim para dar conta de determinadas questões mais operacionais, acaba tendo muito pouco tempo junto com Luca durante a semana. então, fico feliz por constatar que temos sim, uma divisão de tarefas nessa casa, na qual não apenas eu, que sou a mulher, que "preciso de ajuda"... que podemos tocar nossos projetos individuais e compartilha-los, porque o apoio será sempre mútuo, reafirmando, mais uma vez, uma frase que marcou muito o começo da nossa história: 


"Hapiness only real when shared"





quarta-feira, 20 de junho de 2012

Separações

Esse post tem um certo tom de deja vu, porque quem me lê por aqui certamente já me viu tratando desse tema... acho que o fim da gravidez marca o início de uma nova era, que podemos traduzir como uma sucessão de separações, que conduzem mãe e filho à autonomia e ao amadurecimento. A partir do momento que o cordão umbilical é cortado, pelo pai ou outra pessoa, inicia-se uma vida onde existem dois corpos distintos, cuja percepção, todavia, ainda é todo nebulosa e desconhecida para o binômio mãebebê. São semanas e meses tão intensos, de conhecimento mútuo, que nem nós, mães e mulheres, supostamente seres humanos mais evoluídos que bebês humanos pela nossa capacidade cognitiva nos damos muito conta da existência de dois corpos. E a verdade é que somos sim um só. Tal qual o bebê sente o que sentimos, também somos capazes de sentir o que ele sente. Por isso que o contato no primeiro minuto de vida é tão transformador, porque inicia esse vínculo calcado na empatia que nunca mais vai se desfazer, nem debaixo da água, nem debaixo da terra, nem a milhas de distância...

À medida que o tempo vai passando, tendo em vista nossa tradição cultural e nosso papel no mercado de trabalho, novas separações vão se processando. Começamos pela introdução dos alimentos sólidos, quando nós, fêmeas-mamíferas-humanas deixamos de ser a única fonte de alimento para nossos filhotes, e outras pessoas podem compartilhar essa tarefa conosco. E pensa que eles – os filhotes – não gostam? No começo alguns podem ser mais resistentes, se negando a comer, jogando comida na gente (ressalto que nada disso aconteceu comigo, Luca foi bom de boca e de colher desde que nasceu), mas depois topam e pedem mais, com ênfase no mais. E a gente também gosta, porque pode circular mais livremente por aí, dar uma incrementada no regime pra perder as últimas gorduras que a amamentação não levou (pra quem não sabe, dieta e amamentação não combinam, por diversas razões, que vão desde a saúde da mãe, até a qualidade e o sabor do leite),  voltar a usar algumas peças de roupas e sutiãs aposentados, tomar umas a mais e retomar vícios como o cigarro.

Depois tem a volta ao trabalho e a consequente separação no horário comercial. É hora de escolher se deixaremos nossas crias no conforto do lar, com uma pessoa minimamente confiável, ou se o enviaremos para locais onde ele poderá conviver com outras crianças – e doenças – se beneficiando desse contato de várias maneiras. Esse momento é mais delicado, tem muita mãe que sofre, e o bichinho sofre junto, e o contrário também é verdadeiro. Concordo que nós, como adultos humanos, temos – ou deveríamos ter – maior habilidade em administrar isso e passar a segurança necessária para nossos filhos saberem que, ao final de cada dia, voltaremos lá para busca-los e leva-los conosco para casa, mas isso não determina que a criança não terá dificuldades para se adaptar. Às vezes ela é mais sensível mesmo e ponto.

Mas o bom é que somos todos seres humanos com capacidade incrível de adaptação a diferentes situações, e o desenvolvimento desse mecanismo também indica um determinado amadurecimento cognitivo por parte do bebê. Só razões para ficar feliz, portanto. Além disso, no meu caso, que escolhi deixar Luca numa creche, percebo o quanto ele evolui e se beneficia desse contato, demonstrando pra gente que sabe exatamente onde está, com quem está, e o quanto pode confiar nessas pessoas. E o quanto essa diferença é marcante em relação a ambientes que ele desconhece ou pouco frequenta. E tem a ver com isso: contato humano. É disso que são construídas as relações: contato, olho no olho, o cheiro, o sorriso, a conversa...

Mas daí chega um belo dia em que surge uma daquelas viagens de trabalho. Quando o pai sai, ele vai meio resignado, afinal faz parte do trabalho dele, e claro que eu e o bebê sentimos a ausência, é a família incompleta que surge. Mas quando a mãe tem que sair... primeiro que é toda uma preparação familiar para o fato. Como vai ser com o peito, com a hora de dormir, com as questões práticas da creche (desde levar e buscar, até montar a sacola com as roupas certas e providenciar outras coisas necessárias no decorrer do dia)... enfim, uma lista de coisas que não basta simplesmente anunciar que vai viajar, como acontece com os homens. É um processo negociado.

Minha primeira atitude é ficar meio irritada com isso, pois cadê a igualdade entre os gêneros nessa hora? Só que a igualdade aparece dependendo de onde se olha. Edu me dá a maior força para continuar trabalhando e evoluindo na carreira. Ele se preocupa com o impacto disso no trabalho dele, claro, porque eu cuidar da minha carreira significa que ele tem que se organizar para cuidar de Luca tanto quanto eu. Mas isso nunca, em nenhum momento, deixou alguma entrelinha de que eu deveria parar de trabalhar. Pra minha infelicidade, ele nem curte mulher que só fica dentro de casa, hehehehe... Mas a verdade é que eu curto trabalhar também, então fica tudo certo.

Só que eu sou a mãe, e como mãe assumo certas tarefas no cuidado que, quando ele se vê sozinho para realizar, realiza, mas não sem pensar 200 vezes antes em como será... Foi assim na primeira viagem que eu tive que fazer. No começo era apenas uma noite, depois viraram duas e talvez até tivessem que ser 3, mas foi quando eu pus o meu limite. Eu não queria ficar mais do que isso longe dele. E minha ilusão no processo era tanta que eu nem percebi que mesmo uma noite seria difícil para mim. Eu fiz toda a preparação com o Edu, mas não comigo. Não me dei conta, por exemplo, que duas noites, na verdade, eram 3 dias. Mesmo com ele na creche, tem o lance de acordar junto, de levar na creche, de buscar, ficar um pouco da noite brincando, as brincadeiras no caminho... E fui me dando conta, somente alguns dias antes da viagem, de todos esses momentos, e de cada um deles... E uma profunda angústia se abateu sobre mim, por saber que não poderia acariciar aquelas bochechas lisinhas e macias, não poderia beijá-lo, nem brincar com ele, nem dar de mamar, nem por pra dormir, nem olhar pra ele ao acordar...

Ele? Não se alterou tanto como eu não. Ficou sem o mamá, e teve noites um pouco agitadas me procurando, manhãs sonolentas (com sonecas mais longas na creche), mas aceitou a comida misturada com leite que o pai deu pra substituir o peito, e quando eu cheguei, o reencontro foi delicioso, com ele esvaziando meus peitos, inchados de tanto leite acumulado...

Mas como tudo nessa vida tem consequências, depois disso acho que ele percebeu que precisava reconsiderar a possibilidade de uma reconciliação com a mamadeira (que ele aceitava de vez em quando, mas de uma hora pra outra passou a rejeitar veementemente). Primeiro que eu podia ter que viajar de novo. Segundo que a produção de leite, de fato, diminuiu. E, ao contrário do que se possa imaginar, o processo de desmame começou sem planos prévios, com naturalidade, comigo e Luca entendendo que novas fases se aproximam na nossa relação.

Mas eu fiquei muito tocada com todo esse processo. Me separar de Luca foi que nem deixar um braço meu pra trás, com a diferença de que eu não tenho vontade de ficar acariciando e beijando meu braço o dia todo. Usei toda a energia que eu tinha para o trabalho, e só queria saber de chegar no hotel e falar com a minha casa pela webcam, e viva a tecnologia que nos aproxima! A parte mais difícil, de longe, foi a hora de esvaziar o seio lotado de leite. Um pouco pela dor física, porque é meio difícil ordenhar quando o seio está cheio demais, o que acontece depois de um dia muito cheio de trabalho sem oportunidade para pequenas escapadas... Mas muito mais pela dor emocional de sentir que estava desperdiçando um alimento que foi vital para o meu filho meses a fio. Já tinha ouvido relatos nesse sentido e achava um certo exagero, mas quando foi comigo... Nada de exagero... Junto com o leite vertido no chuveiro, lágrimas...

E eis que algum tempo depois, uma nova viagem se apresenta. Dessa vez, internacional. Uau, oportunidade imperdível, certo? Certíssimo. Preparação com o pai feita, dessa vez eu que não me iludisse. Ia me preparar muito muito bem. Contei exatamente quantos dias e noites seriam longe de casa, que momentos eu perderia junto com ele, como ia lidar com a situação quando a saudade apertasse de verdade. A única diferença é que como quase não estou mais amamentando, não teria problema com seios inchados e doloridos... menos mal, porque encarar horas de voo a fio desse jeito não ia ser legal não...

Passei praticamente um dia inteiro viajando, de aeroporto em aeroporto, até chegar ao meu destino final. E vi muitas famílias viajando com seus filhos, de diversas idades. E não deixava de me encantar com cada situação presenciava, algumas das mais frugais, como uma bebê da idade de Luca se escorando ao redor das mesinhas da sala de embarque para alcançar meu cappuccino fervendo e ser salva pelo pai – e por mim, claro, que tirei o copo na hora do alcance dela... e corria pro telefone para rever pela enésima vez as zilhões de fotos que tenho dele, desde o dia que nasceu... ainda bem que tenho, né... E ficava reparando na forma das mães carregarem os bebês, falarem com eles, e a forma como respondiam ou ignoravam, suas brincadeiras, enfim, tantos detalhes, que podia ficar aqui falando sobre eles e quando visse, Luca já seria um rapaz.

Estou num lugar bem isolado de tudo, uma antiga fazenda sueca, ouvindo e falando sobre um tema que ultimamente tem me embrulhado estômago, que é a violência contra criança, nas mais diversas formas. E ao redor do mundo são muitas as experiências, umas mais outras menos bem sucedidas, mas são sempre temas difíceis, como a tal da síndrome do bebê sacudido, coisa que ninguém gosta de reconhecer que existe, mas que é algo gravíssimo e pode levar a morte. Mas de longe a história que achei mais linda foi uma pesquisadora italiana, que vive em Nova Iorque, e que trouxe sua bela garotinha de 4 anos de idade, para estar com ela nos momentos livres do encontro. Enquanto a mãe trabalha, o pai, que também veio, fica com a menina. Quando acaba a conferência, ela se junta à mãe e encanta a todos por perto. Conversando com a mãe, ela me disse que seus empregadores não se opõem, e acrescentou que é a única forma que encontrou de continuar trabalhando, pois considera impossível viajar e ficar longe da filha. Para ela, ao contrário de uma libertação, é a própria prisão estar sem ela... Então banca do próprio bolso a vinda da família, e o pai, cujo trabalho permite descentralizar os horários em função da mulher, dá o apoio prático que ela precisa. E eu aqui, falando a importância da autonomia e do amadurecimento conquistados com essas separações... bem, continuo achando muito positivos, se feitos de forma gradual e tranquila, sem imposições nem choro, respeitando os sinais, o ritmo e vontade do binômio... mas só fiquei pensando como seria bom se todas nós tivéssemos, de fato, uma possibilidade de não ter que ensinar tão cedo aos nossos filhos conceitos como esse...


ps. as fotos publicadas nesse post são de autoria do pai, Eduardo François, pois como estou escrevendo de Longe, Muito Longe Daqui, não teria como subir imagens que expressassem exatamente o que acontece nessas... separações.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Uma obra inacabada


Esse relato sobre o primeiro ano de vida de Luca, ou seu 12º mês, chegou um pouco atrasado. Mas é que foram muitas emoções no período, e um post prosaico como são esses mensários, precisou esperar um pouco. A partir de agora, provavelmente não farei esses relatos mensais, mas compartilharei com as pessoas que possivelmente leem esse blog alguns episódios do desenvolvimento do meu guri daqui por diante...

Primeiramente, é preciso dizer que esse relato foi o mais difícil de todos, pelas emoções que falei aí em cima. Novidades, claro, não faltam. Pelo contrário, parece que a cada dia o desenvolvimento dele acelera um pouco mais. Depois dos primeiros passos, vieram os segundos, depois das primeiras sílabas, veio a primeira palavra e a tentativa de tantas outras. Depois de noites em claro, vieram as noites dormidas. Depois da amamentação em livre demanda, o princípio de um desmame, planejado para depois, antecipado pelas circunstâncias...

Nosso personagem sempre dá o que falar. Mas a verdade é que esse mês, além de termos passado por uma experiência muito intensa pra mim, que foi uma viagem a trabalho que me deixou 3 dias longe do meu mininu, também marca um ano de outra experiência muito, mas muito intensa, que foi o meu parto, no qual Luca nasceu. É impossível dissociar os dois eventos, mas ao mesmo tempo é impossível não me ver tomada por vários sentimentos de nostalgia daquele momento, e de novas impressões que se formaram sobre um dos eventos mais significativos da minha vida – senão o maior – ao longo desses 12 meses. Tantas coisas que eu me dei conta nesse mês, me levaram a escrever um post só sobre esse assunto.

Bem, mas maio é um mês de festa, desde o dia 31 de maio de 2011, e assim o será pelo resto da minha existência. Mas não o tipo de festa que muitos estão acostumados quando uma criança completa seu primeiro ano. Eu e Edu decidimos que não faríamos do primeiro aniversário dele um evento social. Primeiro porque esse tipo de evento consome muito dinheiro, tempo e energia; segundo que o bebê ainda é muito novo para entender o significado de toda essa produção e a minha ansiedade  para que tudo saísse perfeito só o deixaria ansioso, mas sem saber o por que. Terceiro que, se dizem que a festa de 1 ano é para a mãe, então eu devo ter o direito de escolher que tipo de celebração desejo.

Então o que fizemos foi fazer um bolo para Luca, o primeiro doce que ele comeu na vida, enfeitar um pouco a casa, encher alguns balões pra ele tentar estourar com a boca – para desespero do pai – e tomar uma lanche, assim, entre nós mesmo. E, para não passar em branco, distribuir uma recordação bem singela à família e aos amigos mais próximos.

Mas isso não significa que não temos muito que celebrar nesse primeiro ano. Fico tão feliz com o entusiasmo de Luca pelo mundo, pela vida, pelas coisas e pessoas que o cercam. Rolou com 3 meses, sentou de 4 pra 5, engatinhou com 6 e ficou de pé com 7. Puxou o freio de mão, resolveu praticar mais as novas habilidades e esperou até quase 11 pra dar seus primeiros passos. E em um mês só aumentou a frequência e a distância dos passos percorridos para, como diz o vovô João, iniciar uma longa e agradável caminhada pela vida...

Das lições de nenenzês, posso dizer que sou quase PhD; nesse mês, o bebê começou a falar água, assim mesmo, água, que foi pra não por ciúme no pai e na mãe sobre o que ele ia falar primeiro... E ele anda tentando falar as duas coisas, mas ainda não conseguiu. Pelo menos não numa clara associação entre o que fala e o que quer dizer... água, não, água é água, é a garrafa de água, é qualquer líquido. Bem, na real, o que ele falou primeiro foi mamá, mas só agora que ele consegue associar ao mamá propriamente. E à comida também. A gente diz: “Luca, vamos comer?”, ele responde ”Mamá, mamá”. E assim a gente se entende, uma belezinha. Outro dia, porém, acho que ele tava tão ansioso com a aula que ia dar, que articulou todas as sílabas que sabe pronunciar numa só palavra. Eu fiquei até embasbacada, porque foram umas 5 ou 6 diferentes, de uma vez só. Imagina quando ele começar a falar mesmo... Eu e Edu vamos ter que marcar hora pra podermos ter uma conversa decente entre nós...


Algumas coisas vem num ritmo ascendente de melhora, como o sono, que hoje em dia é uma exceção ser interrompido de noite, outras seguem igual, tipo os protestos – bem sonoros – ao ser colocado no trocador, não importa o motivo, a hora e o contexto. Pode estar todo cagado, que se revolta. Pode ser depois do banho, também não curte muito; se for logo que acorda então, sai de baixo... eu sempre tento distrai-lo com algum brinquedo, uma música, uma cara engraçada... Mesmo que esteja com pressa, tento acalmá-lo, porque por mais rápida que eu seja na troca, fico mal de ver o bichinho todo estressado porque tem que ficar ali por alguns instantes. Mas o que mais me chocou outro dia foi ter visto que  na creche, ele fica quietinho, não grita, não reclama, só espera. Hein? Como assim, gente?
Falando em creche, Luca que teve seus dias que chorar pra não ficar lá, tentar voltar pro meu colo, fazer biquinho, agora anda reclamando por que tem que ir embora. Geralmente eu chego e ele corre ao meu encontro, mas vez ou outra, olha pra mim, dá risada e depois volta ao que estava fazendo, como se eu fosse só uma miragem, uma visão legal que ele teve, mas que não tirou sua concentração anterior. Uma vez tive que levar, por conta do horário, e aí foi o chororô, mas depois dessa, passei a deixar ele cansar da  brincadeira antes de leva-lo. O problema é quando ele não quer sair do colo de uma das educadoras. Ele tem um apego muito grande com ela e vice-versa. Eu não posso nem ficar enciumada, porque pior seria se ele não se entendesse com nenhuma delas. Mas ver seu filho preferir o colo de outra ao seu, vou te dizer que não é das vivencias mais interessantes...
De toda forma, só posso ficar feliz que ele está bem adaptado ao local. Luca não é dos guris mais dados, não. Ele analisa muito o ambiente e as pessoas antes de se soltar. E nem sempre se solta. E como eu disse em outro post, não acho isso ruim. Acho um mecanismo de defesa importante, e que aos poucos ele vai aprendendo a dosar isso. Mas na creche ele se solta, coisa que ficou visível outro dia pra mim quando fomos numa atividade num sábado, um piquenique. E foi pra lá de divertido vê-lo tão à vontade, dançando, rindo, brincando.

Minha alegria nesse ano não poderia ser maior. Apesar de todo o cansaço das noites mal dormidas, das dúvidas e ansiedade com esse novo papel que me cabe, acho que o balanço foi positivo. Depois de um ano de nascida uma família, posso dizer do tanto que aprendi e do tanto que me estimulam as próximas fases que se aproximam...

...

Fiquei meio sem saber como terminar esse post. Acho que vou deixa-lo assim mesmo, inacabado, porque a experiência de ser mãe é obra que, definitivamente, não acaba nunca.