sábado, 27 de novembro de 2010

Cada um no seu quadrado

Malu-Luca,

Mamãe está particularmente feliz, e resolveu fazer como seu pai e te escrever também. Está satisfeita porque um trabalho muito importante para ela está sendo finalizado de forma bem-sucedida e agradando a todos, apesar de todo o rebuliço que você vem causando dentro de mim nos últimos meses. Não me entenda mal, estou muito, muito feliz que v. está aqui dentro, se desenvolvendo e crescendo a cada dia. Sua mãe queria muito ser mãe e, de quebra, te descolou um pai massa, que também é um marido e um companheiro maravilhoso.

Mas acontece que pra você crescer direitinho aqui dentro, o corpo da mamãe teve que passar por uma série de modificações. Bem, você não me causou enjôos, e eu te agradeço imensamente por isso. Só por isso já te acho uma pessoa mais legal, e olha que v. nem me chamou de mãe ainda... Mas uma dessas mudanças é que eu fiquei mais lenta, mais distraída, com dificuldade até de trabalhar. Passei por apuros, e cheguei a pensar que nada mais seria como antes. Agora, que eu já estou mais acostumada com você aqui dentro, as coisas aos poucos estão voltando à normalidade, e a mamãe está voltando a produzir como antes.

A segunda coisa que está me fazendo especialmente feliz é que hoje foi o dia que v. efetivamente ganhou seu quarto. Bem, ele ainda não está do jeitinho que v. vai ver quando sair daqui de dentro, porque eu mesma não sei bem como ele vai ficar. Gostaria primeiro de saber se v. vai ser Malu ou Luca para deixar a imaginação fluir, sabe?

Mas a história é a seguinte: quando a mamãe casou com o papai e veio morar em Brasília (depois você pede pra ele te explicar o que é Brasília), viemos morar nesse apartamento de dois quartos, pensando em montar um escritório no segundo quarto; aí você chegou e o quarto passou a ser seu. O problema é que o escritório ficou montado pela metade, e os livros – maioria da mamãe, porque o papai prefere ler figuras – ficaram dentro das caixas da mudança, porque não tinha outro lugar na casa para eles.

Bem, aí fomos atrás de resolver isso, e te entregar seu quarto como é devido, até porque nem eu nem seu pai gostamos dessa história de você dormir no mesmo quarto. Sabe o que é? Tenho certeza que sua companhia será adorável, até de fraldas sujas e berrando de fome, mas é importante v. ter seu cantinho, desde sempre, e a mamãe e o papai terem o deles... Cada um no seu quadrado, sabe? Não? Bom, quando v. estiver com uns 12 anos você vai entender o que eu quero dizer... Aliás, v. vai agradecer imensamente. Enfim, voltando ao tema, saímos correndo atrás de alguém que construísse um lugar pros livros morarem, lá dentro de casa mesmo, para você poder ter o quarto todo só pra você. E ontem o lugar dos livros, que se chama estante, chegou lá em casa, o que significa que a gente vai poder montar o seu quartinho também.

Como eu te disse antes, não sabemos ao certo como ele vai ser, só temos algumas idéias. Juro que se eu pudesse, te perguntava como v. gostaria que fosse, mas eu e seu pai vamos ter que nos virar e torcer pra v. gostar e sentir-se realmente em casa, como eu imagino que v. se sente aí dentro... Mas isso não importa agora; o importante é que o espaço já está aberto para a gente começar a pensar nisso. E isso me faz sentir você cada vez mais perto de mim, embora v. ainda seja tão pequenino e não possa me ouvir e nem se comunicar comigo por meio de chutes (que, aliás, é um jeito de estranho de demonstrar amor, se me permite a sinceridade desse momento íntimo entre mãe e filho...)...

Um beijo,

Da sua mãe.



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