Desde que Luca completou um ano de idade,
que eu não venho mais aqui em frequência mensal. Falta de tempo e necessidade
de contar histórias sob um outro prisma... Desde então falei do desmame, da Lei
da Palmada, participei de blogagens coletivas, enfim... Mas 18 meses é um
marco, e não só porque é mais metade de um ano que ele completa, e sim porque
muitas coisas se modificam a uma velocidade impressionante.
Eu sempre menciono que à medida que ele
cresce, parece que suas habilidades se multiplicam em progressão geométrica. E
é verdade. Da noite pro dia é uma nova palavra, é uma nova característica que
ele mostra pra gente que adquiriu. Às vezes é difícil acompanhar tantos
avanços, e a gente chega a ser surpreendido quando ele saca uma nova sílaba, ou
faz algo que até então não conseguia. E por isso acho que é simbólico registrar
seus passos mais recentes nesse ano e meio de vida fora da barriga... porque se
desejo que um dia ele possa ler tudo isso e saber como foi seu desenvolvimento,
alguns momentos não podem passar despercebidos e sem registro...
Ele tem usado algumas palavras com
regularidade, para além de mamãe, papai, vovó e vovô. Fala máquina, máscara,
banco, banho, sapo, chama os personagens dos livros que curte ver. Sabe mostrar
como é que escova os dentes, como penteia o cabelo e como passa xampu. Anda de
ré, e fala algumas palavras mais pela metade, tipo liqui(dificador),
(venti)lador, pe(ra), kiji (kiwi), (ma)mão, (ca)rne, abó(bora)... já sabe o
nome das educadoras da creche, mesmo que pronuncie só a primeira sílaba. Dá
risada quando tenta falar alguma coisa que ainda não consegue e a gente repete
a palavra toda, fazendo ele perceber que foi entendido.
O guri ainda mama na mamadeira pra dormir
de noite, ao acordar, e nos finais de semana ganha uma de bônus pra soneca do
meio dia. Essa passou a ser a única
soneca dele, geralmente mais longa, fazendo o sono da noite ser ininterrupto.
Não foi algo totalmente natural, tive que guia-lo nesse processo e mudar alguns
hábitos. Até pouco depois de completar um ano, ele vinha dormindo 2 vezes
durante o dia, sendo uma das sonecas no fim da tarde. Isso fazia com que
chegasse 10h da noite e ele estivesse ligadão no movimento da casa. Aí orientei
na creche que evitassem que ele dormisse após a janta... Só se ele demonstrasse
que estava precisando muito. E ele logo se ajustou. Mas aí dormia no carro, a
caminho de casa. Resultado, acordava bem mais tarde, mas só querendo mamar e
dormir de novo.
E isso me acabava, porque acontecia bem na
hora que eu já estava dormindo ou indo dormir... Aí eio o horário de verão e
ficou mais fácil traze-lo acordado pra casa, e faze-lo comer uma fruta (já que
a janta da creche acontece às 5h da tarde...) e depois mamar antes de dormir.
Mas como hábitos não se mudam assim tão rápido, ele ainda tentava enrolar a
gente acordando no meio da madrugada, pra que, pra que, pra que?? E um belo dia
eu disse pra mim mesma que aquilo tinha que acabar. Ele acordou umas 3h da
manhã, pedindo pra mamar e eu fiquei no colo com ele, explicando que não tinha
mais mamá de madrugada, que o mamá tava dormindo e só acordava de manhã. Que o
papai e a mamãe também só acordavam de manhã, e que o Luca podia fazer a mesma
coisa, que ele já tava crescido pra isso. Ele demorou pra se convencer, demorou
pra aceitar ir pro berço sem o mamá e demorou pra me deixar sair do quarto. No
dia seguinte o pai foi levar a mamadeira pra ele no berço e eu avisei que ele
tinha que reforçar a história de que o mamá tinha dormido a noite toda, e agora
tinha acordado porque tava de manhã. Resultado: mininu não acordou mais de
madrugada. Não pra isso. Próxima fase: eliminar todo e qualquer mamá. Vai ser
fácil? Não. Tenho pressa? Também não. Luca tem me mostrado que tudo que é
negociado, ele aceita bem. Basta ele compreender que está mudando de fase...
Falando em mudar de fase, ele também já não
é mais um bebê de colo e termos aeronáuticos. Quando viajei com ele pra casa
dos meus pais, coisa de dois meses atrás, compramos uma poltrona só pra ele,
como se tivesse mais de dois anos. Foi uma burocracia só, e na hora do
check-in, o atendente desavisado (ou operando no automático, como quase todos)
quase muda o tipo de reserva, achando que tinha algo errado com o bilhete. Aí eu,
com meu jeitinho educado e paciente com pessoas que saem fazendo as coisas da
própria cabeça sem me perguntar antes se tá ok ou não, disse pra ele que era
isso mesmo, que ele ia numa poltrona e não no colo... Sai mais caro, mas minha
coluna, meus ouvidos, ele e todos os outros passageiros do voo agradecem...
Bem, mas algo que eu considero emblemático
dessa maioridade mensal de mininu é que ele já consegue subir e descer escadas
apoiando no corrimão, ou na parede, ou nos degraus (no caso de estar
subindo)... E já aprendeu o que é cocô. Não que ele me avise sobre isso a ponto
de eu pensar que um desfralde esteja vindo por aí, pelo contrário, pense em
algo que não tenho pressa nem expectativa de acontecer antes dos próximos 12
meses... Mas ele já entendeu que tem coisas que saem de dentro dele, e já
entendeu que a mamãe e o papai não usam fraldas. E ele, que antes era só rebeldia
na hora de trocar a fralda, tem aceitado melhor esse momento, o que me faz
pensar que há, sim, uma consciência sobre essa questão em processo de formação.
Observar todos esses avanços, diários, às
vezes mais de um no mesmo dia, é encantador. Ver o cérebro dele em formação
acelerada, curioso e atento com tudo o que acontece à sua volta é gratificante.
Poder acompanhar a formação da sua memória, repetir coisas do dia anterior e
perceber que ele se lembra delas, é como acompanhar um livro sendo escrito, e
que poderá ser lido e relido muitas vezes a partir de agora... Ele já lembra
dos brinquedos que gosta, e de alguns personagens também. É completamente
antenado nos nossos devices
eletrônicos, e outro dia conseguiu acionar a filmadora do celular, no modo
autofilmagem. O vídeo ficou curtinho, porque ele logo desligou tudo, mas o
resultado ficou impagável. Algo me diz que essa geração veio com um chip
implantado na nuca...
O equilíbrio dele ainda é meio trôpego, e ele
não se aventura em subir em cadeiras e afins. No máximo desce sozinho do sofá,
e ainda pedie ajuda pra descer da cama, que é mais alta. Mas já tem rolado de
levar no parquinho e ir no balanço, no escorregador... Segurando, claro, mas
ele se amarra quando não fica com medo, rsrsr. Eu acho graça mas não exploro.
Se ele reclamou, eu tiro logo, porque brincadeira é brincadeira, não tem que
ter tensão no meio. Não tem graça nenhuma achar graça na vulnerabilidade do
mais frágil. Já escrevi sobre isso uma porção de vezes e acho uó quem se
entretém com uma criança assustada, ou acha bonitinho quando ela chora.
É verdade que ele, por sua vez, que ainda é
todo ID, se diverte com a nossa preocupação. Acha graça quando está no sofá ou
na cama, e tenta se jogar de cabeça no chão, porque sabe que eu vou segura-lo.
Faz de farra, assim como uma porção de coisas que eu digo não e ele leva como
uma brincadeira. E essa é uma parte difícil, porque envolve começar a por alguns limites, de leve
e sem stress, mas pra ele perceber que tem hora de brincar e hora de falar
sério. E ele não gosta de ser contrariado. Mas quem gosta? Ele não é de se
atirar no chão, mas tem um choro muito específico para esses momentos. A essa
altura do campeonato eu já consigo diferenciar, e espero ele respirar para
poder explicar pra ele o que aconteceu pra ele ter ficado tão bravo. E o fato
dele se calar e ir se distrair com algo mais me leva a crer que ele compreende
bem o que foi dito... E assim vamos estabelecendo nosso próprio jeito de nos
comunicarmos.
Luca também tem criado seu próprio jeito de
brincar, de chamar nossa atenção e de expressar carinho. Porque eu acho meu
filho muito fofinho, eu fico tratando ele igual um boneco, jogo pro alto, fico
pulando com ele no colo, chacoalhando e fazendo palhaçadas. Não muito delicada,
admito, hehehe... E por isso mesmo ele também andou um tempo com umas
brincadeiras meio agressivas, e que me fizeram repensar a forma de me
relacionar fisicamente com ele. Mostrar como faz carinho, que bater e morder
não é legal, que as brincadeiras físicas podem ser mais leves... E não é que a
coisa melhorou? Nossos bebês são mesmo umas esponjinhas, absorvem tudo o que
ensinamos pra eles... A maior prova do ditado “a gente colhe o que planta”...
Por outro lado, tenho incentivado
brincadeiras que estimulem o desenvolvimento dele. E ele responde bem, fazendo verdadeiros
experimentos científicos para testar relações de causa e efeito (encher e
esvaziar baldes e potes, ouvir os diferentes barulhos dos chocalho feitos com
garrafas de água e grãos de alimentos, etc.). Já consegue folhear livros,
inclusive alguns de páginas de papel, e sem estragar. Ainda se irrita com
brinquedos que não sabe usar, e quando isso acontece, ele atira longe, sem dó. Ele
já consegue comer frutas com a mão, mas não gosta muito de se sujar (acho que
puxou ao pai nesse sentido, heehe)... Aí aprendeu que pode usar o garfo. E eu
deixo, mas com regras. Ainda não dá pra largar o prato na mão dele, porque ele
insiste em fazer experiências com ele, pra ver o que acontece se ele virar o
dito pra baixo... O mesmo com o copo normal, então ele ainda toma no copo
especial... Mas já aprendeu a tomar no canudinho, o que tem facilitado
imensamente a vida quando saímos, pois podemos dar suco pra ele no copo do
restaurante.
Eu também já falei aqui que desde os 8
meses que temos vivido também alguns episódios de grude extremo. A tal da
ansiedade da separação ainda é muito presente, e a vontade de ficar com a mamãe
e o papai também. O grude com Edu continua, e se manifesta com força nos finais
de semana, que é quando eles efetivamente podem conviver, já que os horários do
pai não coincidem com os dele nos dias de branco. Mas a relação com as avós
melhorou sensivelmente nos últimos meses e visitas. Com o meu pai é um grude
só, desde que ele o “comprou” com um pedaço de bolo de milho.
Agora, ir na casa dos meus pais é conviver
com o bolo sendo parte do cardápio. Da última vez, meu pai chegava em casa do
trabalho e o guri já começava bo(l)o, bo(l)o, ia direto pra cozinha... Mas eu
não estresso muito não, só evito de ter bolo em casa, pra ele não achar que
pode ser um hábito... Mas outro dia, na padaria, foi ele ver o bolo e eu ter
que comprar pra dar pra ele... Como diz um amigo, tudo piora quando eles
aprender o verbo querer e comprar. Luca nem sabe disso ainda, mas já sabe dizer
a que veio...
Ainda na angústia da separação feelings, por vezes, deixá-lo na creche
é um trabalho hercúleo, ele não deixa a gente ir de jeito nenhum, pelo menos
não sem um pequeno escândalo. Eu fico com o coração estilhaçado, me dá vontade
de largar tudo, e voltar a trabalhar só quando ele entrar na faculdade, ou
então quando ele casar. Mas respiro fundo, penso que não é por aí, que fases
são fases, e a gente vai contornando do melhor jeito que sabemos fazer.
Embora na creche digam que no momento que
eu vou embora ele para de chorar, eu dificilmente saio da sala sem que ele
tenha parado de chorar antes. Sair sem ele me ver, nem pensar. Uma vez
presenciei uma cena dessa com outra criança e foi chocante pra mim. O pai saiu
de fininho e quando a guria se deu conta, ficou re-vol-ta-da. Eu vi que ele não
fez por mal, fez como achou melhor no momento. Eu até comentei com ele depois,
numa boa, mas aquilo me tocou de um jeito... Ela ficou muito brava e depois
muito sentida. O fato de não saber falar não era impedimento nenhum para
expressar o que estava sentindo...
E quando a gente se presta a entender nossos
filhos a partir da lógica deles de se comunicarem, é impossível não compreender
o que estão sentindo... Pode ser mais fácil simplesmente reclamar que só sabem
chorar, mas a verdade é que estão querendo nos dizer algo de forma muito
precisa. E quando ele resiste a ficar na creche, eu tenho que me virar pra
convence-lo, em poucos minutos, que ele vai se divertir por lá, e que eu vou
voltar pra busca-lo. Porque o medo dele é justamente esse. O da separação
definitiva.
E ele tem os referenciais de cuidado principal
dele (eu e o Edu) muito claros e muito fortes na cabecinha dele... Exemplo
recente foi quando, no meio de crianças de várias idades, entretido com um
balde de pipoca que estava rolando ali no meio, se viu sem saber onde eu estava
e começou a me chamar. As crianças não deram bola, e começaram a querer leva-lo
para perto delas, e ele se agoniou mais e começou a chorar e chamando “mamãe,
mamãe”. Eu, que estava bem ali ao lado, o chamei, e ele veio rapidinho na minha
direção. O pai, vendo a cena, sentenciou: “esse aí ninguém leva embora fácil,
não...”. É, esse é o meu guri, 18 meses de praia...
Que legal!!!!! Parabéns pai e mãe! Luca está lindo! Um beijo em todos.
ResponderExcluirObrigada, Evelyse! Está sendo mesmo uma fase muito legal e dá muita vontade de compartilhar com todos!
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