domingo, 24 de abril de 2011

9 meses... mas ainda não é a hora!

Filho,

Em dois dias você completa 9 meses dentro da minha barriga. E, ao contrário do que se diz por aí, não, ainda não está na hora de você nascer... Vou te explicar: na verdade, a gravidez dura 40 semanas, o que significa 10 meses, e não nove, pois cada mês tem 4 semanas, em média. É, em média porque uma semana dura 7 dias e, por essa conta, todos os meses teriam que ser fevereiro, que tem 28 dias. E aí seria sempre carnaval. Carnaval é uma celebração que está no calendário cristão, mas que é pra lá de pagã. Cristão é quem é da religião cristã. Não, nem a mamãe nem o papai são dessa religião. Você poderá ser da que quiser, quando estiver grande o suficiente para entender o que é religião. Pagão é o que não é cristão. Bem, carnaval eu te explico mais pra frente, mas se você puxar a mamãe, não vou precisar explicar muito, você já vai saber o que é. Se puxar o papai, vai saber também, mas não vai gostar.

Bom, mas voltando ao tempo da gravidez. Eu fui entender o tempo que leva pra um bebê ficar pronto quando você já estava aqui dentro, mas ainda era um feijaozinho. Não era um feijão desses que eu vou te dar depois que você passar dos 6 meses, mas era como se fosse, porque era só um brotinho, entende? Bem pequenininho. Aí aprendi que nós contamos a gravidez em semanas, e são 40, não 36, como seriam se a gravidez durasse realmente 9 meses. Bom, é sempre uma data aproximada, e – eu não devia  te dizer isso – no fim das contas você é que acaba dizendo quando quer sair, sabe? Mas tudo bem, porque quando você completar 37 semanas, se resolver sair, já estará prontinho para sobreviver aqui fora. Mas nada de pressa, ok? Sua mãe e seu pai ainda têm muitas coisas para organizar para você e para nós, antes de você nascer.

Seu quartinho está praticamente pronto. Tirando um ou outro detalhe, tipo buscar o trocador que mandamos fazer, terminar de lavar e passar suas roupinhas e esperar as coisas que sua vó Beth está preparando pra você lá em São Paulo, já avançamos bastante. Sim, porque seu quarto originalmente ia ser um escritório. Um lugar pra seu pai e eu trabalharmos quando não estivéssemos no trabalho. É que às vezes a gente tem que levar trabalho pra casa, sabe? Tipo você com o dever de casa daqui a alguns anos... Mas aí você apareceu e mudou tudo. O que ia ser escritório ficou sendo seu quarto, e do escritório só sobrou a mesa, porque ela já estava lá. Mas pode ficar tranqüilo que tem bastante espaço para você brincar aqui. Muito mais do que onde você está agora, que só consegue mexer um pouquinho os braços e as pernas e brincar com essa cordinha molinha que fica presa na sua barriga. Nada de dar nó nela, tá, Luca? Nem de ficar apertando ela em volta do seu pescoço... vamos facilitar as coisas...

Ultimamente eu tenho sentido você querendo sair daqui, e sua cabeça já está bem baixa. Aliás, eu queria te perguntar como é viver de cabeça pra baixo tanto tempo, se você não fica tonto ou enjoado. Sua vó disse que eu estava de cabeça pra baixo na barriga dela, mas eu não lembro como era. Também não lembro de mim saindo, mas sei que foi por um buraco que abriram no meio da barriga dela, numa cirurgia, e não pelo meio das pernas, como normalmente é. Teve um probleminha na hora e tiveram que fazer isso. Mas com a gente isso não vai acontecer, pois eu estou me preparando e você até agora só tem colaborado. Continue assim, ok?

Assim, eu não quero que você saia agora, mas ao mesmo tempo estou muito curiosa para saber qual é a sua carinha. A gente já te viu por uma telinha algumas vezes, fazendo um treco que chama ecografia, para saber se você estava se desenvolvendo direitinho, mas não é a mesma coisa que ao vivo, sabe? Além de não ser colorido, é tudo meio borrado, e a gente fica na dúvida se, por exemplo, suas bochechas serão grandes como aparentam ser. Sem falar que não dá pra ver se você terá os olhos da mamãe ou do papai. O nariz achamos que será o meu, e a testa, a dele. Mas tudo isso só teremos certeza quando te pegarmos no colo e contarmos todos os seus dedinhos.

E, no fim das contas, não importa com quem você se pareça, você já é muito aguardado e amado por mim e pelo seu pai. Passamos esses meses todos nos preparando para sua chegada, e foram meses que voaram, porque foi de repente que você já tinha ficado sem espaço aqui dentro da mamãe... Hoje, 9 meses depois, eu já posso sentir você me dizendo que a hora está chegando. E, ao invés de sentir medo, eu fico imaginando você aqui, do lado de fora, aprendendo um monte de coisa, aprontando outras tantas e me pregando um monte de sustos. Eu vou ficar brava, pode ter certeza. E posso te por de castigo também. Mas vou continuar te amando do mesmo jeito como quando você ainda estava aqui dentro e o máximo que fazia era obrigar a mamãe a mudar de posição no meio da noite para continuar dormindo...

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