sexta-feira, 11 de março de 2011

Une femme grossesse... à Paris

Passamos o carnaval em Paris. Isso, eu, Edu, e nossa barriga de quase 30 semanas. Para alguns pode soar loucura desabalar carreira num avião para 8 mil km de distância, mas para nós era a última oportunidade de fazermos uma viagem a dois, só nossa. Apesar de Luca estar sempre conosco, em pensamento e em barriga, será tudo muito diferente depois que ele nascer. A rotina com um recém nascido é muito puxada e dispendiosa. E depois que ele estiver maiorzinho poderemos, claro, fazer viagens dessa natureza com ele junto, mas também será diferente, pois não estaremos concentrados apenas em nós, nossos desejos e bem estar. O dele sempre virá primeiro.

Por isso, a vontade de fazer uma viagem diferente, da qual pudéssemos nos lembrar por muitos anos, era muito forte. Uma viagem que fosse também uma lua de mel, que não tivemos. E o destino, difícil de escolher, não poderia ter sido mais acertado: sempre quis conhecer Paris, desde criança era a cidade que mais me fascinava, com aquela torre de mais de 300 metros, que se pode subir até quase o topo. Além do mais, a cidade é encantadora, com seus predinhos baixos, seus parques, praças e museus. Um convite a passeios sem fim, auxiliados por uma linha de metrô que nos permitiu conhecer muitos pontos da cidade.

Eu achei que a viagem fosse ser bem mais incômoda. Afinal, foram 3 aviões, num total de 15 horas de viagem pra ir e 15 pra voltar, com pernas apertadas e ar condicionado no talo (que evidentemente me rendeu uma bela gripe no retorno a Brasilia). Mesmo tendo tomado o cuidado de reservar os assentos no avião com 3 semanas de antecedência, a TAP (ora pois!) conseguiu a proeza de tirar nossos nomes do sistema na ida E na volta (isso porque na volta eu tinha um papel impresso com os lugares marcados). O que salvou foi ter vestido uma meia de compressão, super desconfortável, quente e pouco prática pra ir ao banheiro – coisa que grávida quase não faz.  Mas melhor que carregar duas jacas como tornozeleiras depois...

A surpresa – feliz – ficou por conta da existência de uma banheira no quarto do hotel. Me acabei nela todas noites, depois das caminhadas longuíssimas que fazíamos pela cidade. Um escalda-pé de corpo inteiro, que garantiu com que não inchasse nenhum diazinho... Mas não me livrou das dores na lombar, no ciático, nos músculos das pernas. Só porque era Paris mesmo, porque tinha hora que era difícil manter o bom humor, sabe. Mas a vontade de aproveitar cada minuto falava mais alto...

No último dia me assustei quando eram mais de 19h e tudo o que eu tinha comido, além do café da manhã, tinha sido um crepe de jambon et fromage (o bom e velho presunto e queijo) de rua... a pressão deu uma caída, e eu lembrei que com um filho na barriga não podia me arriscar a uma hipoglicemia, sabe... esse foi o momento mais tenso da viagem pra mim, e fui logo atrás de uma glicose para segurar a onda até chegarmos num restô perto do Sena para comer um delicioso fondue. O Eduardo ficou tão preocupado que queria me apresentar um sandwich grec (sim, eles comem churrasco grego lá, e não é pouco), dizendo que só o fondue não ia me alimentar...

Então, isso foi um pouco pra ilustrar que viajar grávida tem seus ônus e bônus. Eu juro que não sentia fome, mas sabia que precisava comer, pra que Luca ficasse bem. E aí sentava – a melhor parte pra mim – pra comer. Vontade de tomar muito vinho não faltou, mas me controlei muito, e escolhi alguns momentos para degustar um bom vin... deu vontade de fumar também, porque os franceses fumam loucamente e o frio sempre me deu mais vontade de fumar também. Mas isso não deu pra abrir exceção. Bebês e cigarros definitivamente não combinam. O bônus foi não pegar absolutamente nenhuma fila pra entrar nos museus que visitamos, nem pra entrar na torre – e essa era quilométrica – e ter lugar garantido pra sentar no metrô (mesmo sem nenhuma placa de assento preferencial nos vagões), exceto nos horários de pico, porque aí tinha que disputar espaço com os velhinhos – e eles sempre ganham.

O único quase incidente foi na volta de Campinas pra Brasília, em que a mocinha da companhia aérea me fez assinar um termo de responsabilidade pela barriga. Acho engraçado esse procedimento, que se não for eu a responsável por uma barriga que eu mesma gerei, não sei quem poderá ser... mais engraçado ainda foi ter cruzado o Atlântico pra lá e pra cá com o barrigão e ninguém dos vôos internacionais ter falado nada, a não ser “que lindo!”, “de quantos meses?”, “menino ou menina?”, “boa sorte”, num sotaque purtuguêix carregadíssimo, e ter me deparado com essa aqui na esquina... enfim, assinei o termo, enfiei minha cópia na bolsa e vim-me embora, não sem trazer um pouco de Paris comigo, e deixado um pouco de mim lá, só pra ter uma desculpa para poder voltar...


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