quinta-feira, 5 de junho de 2014

Complicado e ao mesmo tempo diferente

O título do post é uma alusão à música da Legião Urbana, “Meninos e Meninas”, porque o dia de hoje começou com um diálogo, daqueles bem light, logo no café da manhã, protagonizado por um guri que está vivendo na plenitude os seus 3 anos de vida.

- Mamãe, eu não gosto dos meninos que vieram aqui em casa.

Eu estava saindo do banho, achei que tinha escutado isso, mas na dúvida, pergunto:

- Não gosta dos meninos porquê, filho?
- Não... eu não gosto das meninas.
...
- Por que, filho?
Luca e Nina na função
- Porque não. Eu só gosto de você, de mim e do meu pai.

Penso como é bom que o guri esteja com a autoestima elevada e seguimos no diálogo, com ele complementando, e se referindo às pessoas que estiveram na festa de aniversário do post passado:

- E eu gosto do Heitor e do Andrei. E só.
- E da Nina, filho?
- Da Nina também.

Fico aliviada que ele gosta de uma menina, ainda mais porque a Nina e ele são super parceiros, é uma delícia vê-los brincando juntos.

- E da Olívia?
- Da Olívia também.

Sigo perguntando pessoa por pessoa, e ele vai dizendo que gosta de todas, meninos e meninas, homens e mulheres. E eu digo:

- Então você gosta das meninas, filho. A Nina e a Olívia são meninas.
- Não, elas são meninos.

Fuém, fuém, fuém...

- E a Dulce e a Camila?
- Delas eu também gosto. Eu não gosto das meninas pequenas. Só das  grandes.

Passa mais um tempo nessa conversa de quem ele gosta e quem ele não gosta, e ele solta:

- Eu não gosto quando as meninas vêm brincar comigo.

Saquei que eram as meninas da creche, e de fato eu já o vi disputando brinquedo com uma, ignorando outra e dando uns tapas numa terceira (nesse dia eu quase caí pra trás, mas segurei a onda e apenas repreendi dizendo que não devia bater em ninguém). Ele tem se vinculado mais aos guris, outro dia tava brincando de “casinha”, um era o pai dele, o outro era o filho, todos uns fofos, mas sempre daquele jeito dele que a galera já conhece...

- Tudo bem, então, meu amor. Um dia você vai gostar.

Claro que quem me conhece pode imaginar que eu já estava me preparando para começar todo um discurso sobre igualdade de gênero, e do machismo que mata mulheres todos os dias (hahahaaha, as feminista pira!), e eu até ensaiei, não vou mentir. Mas me contive e achei daqui uns 10 anos essa conversa poderá surtir mais efeito.


Para um guri de 3 anos que está começando a diferenciar o feminino do masculino, parece que no final das contas ele já sacou que o sexo não é determinante para ele gostar de alguém, já que pode facilmente considerar suas amiguinhas de 3 e 4 anos como meninos, para se permitir continuar gostando delas. O que me leva a pensar que a veia argumentativa e criativa do mininu teve a quem puxar...

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