sexta-feira, 14 de setembro de 2012

ah, o puerpério...

Quando a gente engravida, muito se fala das dores do parto, e das diferenças entre o parto natural e o cirúrgico. pouco se fala do puerpério e quase nada do que significa ter um recém nascido em casa. sobre essas coisas eu já falei em outros posts, e provavelmente ainda vou falar em muitos outros, porque depois que Luca nasceu, a sensação que ficou pra mim foi que, ainda que a gravidez e parto não fossem eventos para nos trazerem filhos, de tão espetaculares e significativas, valeriam a pena ser vividas.

O pós-parto, ou puerpério (é, de estado puerperal, que a gente aprende na faculdade de direito), é um estado que dura aproximadamente 6 semanas e tecnicamente é o tempo que o corpo precisa para se restabelecer ao estágio anterior à gravidez. HA! fisicamente pode até ser, mas emocional e psiquicamente, pode dar adeus a esses tempos, eles não voltam mais... E talvez essas 6 semanas também sejam um tempo pra  gente se dar conta disso, e por isso elas são tão intensas. confesso que pra mim foram até mais intensas do que todo o resto, no sentido das dúvidas e questionamentos que surgiram no período.


Pra completar, após o parto eu entrei num quadro de anemia, devido à quantidade fora do normal que perdi de sangue, e fiquei com uma profunda sensação de cansaço, que só foi passar mesmo quando Luca já estava completando 2 meses. Nesse sentido, as orientações da minha querida parteira Paloma foram essenciais para me colocar nos trilhos e não ficar me cobrando num momento em que o mundo só deveria ter olhos para mim, e eu só deveria ter olhos para o meu filho.


Outro dia ela escreveu essas mesmas orientações a uma recém parida, e eu revisitei todo aquele momento, tanto que me deu vontade de publicar as palavras dela aqui, pra servir de orientação para outras mamíferas que estão com suas crias ainda cheirando a útero:


"Nas primeiras 6 semanas o útero está voltando ao lugar (involução uterina) e fechando rapidamente em apenas 40 dias um processo que ele demorou 9 meses para fazer! Então é muito importante respeitar o periodo de resguardo. As lóquias (o sangramento após o parto) tem um processo natural: começam bem vermelhas e gradualmente com a involução vão mudando de cor pra mais marron e depois ficam mais esbranquiçadas um pouco como um corrimento vaginal espesso. Se dentro destes 40 dias vc acaba fazendo algo de mais forçado do que antes, digamos sair pra passear muitas horas, lavar louça durantes várias horas em pé, arrumar a casa toda que estava um bagunça, etc, é bem comum que a lóquia que estava já mais marron ou até branca volte a ficar vermelho vivo. É o corpo sinalizando que vc fez demais naquele dia! Se vc voltar a descansar vai voltar a cor anterior.


Eu sugiro realmente que se respeite os 40 dias de resguardo, por respeito ao seu corpo e todo o trabalho que ele demorou 9 meses para completar e que tão rapidamente fecha em seguida. Este trabalho da volta (involução) é um trabalho silencioso e escondido. Muitas vezes conforme vamos recuperando energia no pós-parto achamos que já acabou, que esta história de quarentena é algo de história das nossas avós que não serve mais pra mulher moderna. Mas nossas avós tem toda razão! O nosso corpo de mulher moderna não é diferente do delas!! O processo natural de involução não mudou com a vida moderna. O que mudou é que não conseguimos mais respeitar e reverenciar o ciclo natural das coisas.


Costumo dizer que temos uma poupança de energia no pós-parto. Se acumulamos um tanto pequeno, que nos faz sentir bem mais dispostas, e vamos e gastamos este pouco voltamos ao 0 ou as vezes ao negativo! Então temos que acumular tudo de novo, e nos demora mais pra voltar 100% ao normal. Mas se respeitamos o resguardo de 40 dias e a involução do útero, acumulamos uma poupança de energia bem gorda! Assim quando gastamos um pouco mal percebemos e podemos até já rapidamente recuperar a energia perdida! Algumas pessoas fizeram o paralelo com aqueles joguinhos eletrônicos aonde o bonequinho acumula energia!"





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