quinta-feira, 7 de junho de 2012

Uma obra inacabada


Esse relato sobre o primeiro ano de vida de Luca, ou seu 12º mês, chegou um pouco atrasado. Mas é que foram muitas emoções no período, e um post prosaico como são esses mensários, precisou esperar um pouco. A partir de agora, provavelmente não farei esses relatos mensais, mas compartilharei com as pessoas que possivelmente leem esse blog alguns episódios do desenvolvimento do meu guri daqui por diante...

Primeiramente, é preciso dizer que esse relato foi o mais difícil de todos, pelas emoções que falei aí em cima. Novidades, claro, não faltam. Pelo contrário, parece que a cada dia o desenvolvimento dele acelera um pouco mais. Depois dos primeiros passos, vieram os segundos, depois das primeiras sílabas, veio a primeira palavra e a tentativa de tantas outras. Depois de noites em claro, vieram as noites dormidas. Depois da amamentação em livre demanda, o princípio de um desmame, planejado para depois, antecipado pelas circunstâncias...

Nosso personagem sempre dá o que falar. Mas a verdade é que esse mês, além de termos passado por uma experiência muito intensa pra mim, que foi uma viagem a trabalho que me deixou 3 dias longe do meu mininu, também marca um ano de outra experiência muito, mas muito intensa, que foi o meu parto, no qual Luca nasceu. É impossível dissociar os dois eventos, mas ao mesmo tempo é impossível não me ver tomada por vários sentimentos de nostalgia daquele momento, e de novas impressões que se formaram sobre um dos eventos mais significativos da minha vida – senão o maior – ao longo desses 12 meses. Tantas coisas que eu me dei conta nesse mês, me levaram a escrever um post só sobre esse assunto.

Bem, mas maio é um mês de festa, desde o dia 31 de maio de 2011, e assim o será pelo resto da minha existência. Mas não o tipo de festa que muitos estão acostumados quando uma criança completa seu primeiro ano. Eu e Edu decidimos que não faríamos do primeiro aniversário dele um evento social. Primeiro porque esse tipo de evento consome muito dinheiro, tempo e energia; segundo que o bebê ainda é muito novo para entender o significado de toda essa produção e a minha ansiedade  para que tudo saísse perfeito só o deixaria ansioso, mas sem saber o por que. Terceiro que, se dizem que a festa de 1 ano é para a mãe, então eu devo ter o direito de escolher que tipo de celebração desejo.

Então o que fizemos foi fazer um bolo para Luca, o primeiro doce que ele comeu na vida, enfeitar um pouco a casa, encher alguns balões pra ele tentar estourar com a boca – para desespero do pai – e tomar uma lanche, assim, entre nós mesmo. E, para não passar em branco, distribuir uma recordação bem singela à família e aos amigos mais próximos.

Mas isso não significa que não temos muito que celebrar nesse primeiro ano. Fico tão feliz com o entusiasmo de Luca pelo mundo, pela vida, pelas coisas e pessoas que o cercam. Rolou com 3 meses, sentou de 4 pra 5, engatinhou com 6 e ficou de pé com 7. Puxou o freio de mão, resolveu praticar mais as novas habilidades e esperou até quase 11 pra dar seus primeiros passos. E em um mês só aumentou a frequência e a distância dos passos percorridos para, como diz o vovô João, iniciar uma longa e agradável caminhada pela vida...

Das lições de nenenzês, posso dizer que sou quase PhD; nesse mês, o bebê começou a falar água, assim mesmo, água, que foi pra não por ciúme no pai e na mãe sobre o que ele ia falar primeiro... E ele anda tentando falar as duas coisas, mas ainda não conseguiu. Pelo menos não numa clara associação entre o que fala e o que quer dizer... água, não, água é água, é a garrafa de água, é qualquer líquido. Bem, na real, o que ele falou primeiro foi mamá, mas só agora que ele consegue associar ao mamá propriamente. E à comida também. A gente diz: “Luca, vamos comer?”, ele responde ”Mamá, mamá”. E assim a gente se entende, uma belezinha. Outro dia, porém, acho que ele tava tão ansioso com a aula que ia dar, que articulou todas as sílabas que sabe pronunciar numa só palavra. Eu fiquei até embasbacada, porque foram umas 5 ou 6 diferentes, de uma vez só. Imagina quando ele começar a falar mesmo... Eu e Edu vamos ter que marcar hora pra podermos ter uma conversa decente entre nós...


Algumas coisas vem num ritmo ascendente de melhora, como o sono, que hoje em dia é uma exceção ser interrompido de noite, outras seguem igual, tipo os protestos – bem sonoros – ao ser colocado no trocador, não importa o motivo, a hora e o contexto. Pode estar todo cagado, que se revolta. Pode ser depois do banho, também não curte muito; se for logo que acorda então, sai de baixo... eu sempre tento distrai-lo com algum brinquedo, uma música, uma cara engraçada... Mesmo que esteja com pressa, tento acalmá-lo, porque por mais rápida que eu seja na troca, fico mal de ver o bichinho todo estressado porque tem que ficar ali por alguns instantes. Mas o que mais me chocou outro dia foi ter visto que  na creche, ele fica quietinho, não grita, não reclama, só espera. Hein? Como assim, gente?
Falando em creche, Luca que teve seus dias que chorar pra não ficar lá, tentar voltar pro meu colo, fazer biquinho, agora anda reclamando por que tem que ir embora. Geralmente eu chego e ele corre ao meu encontro, mas vez ou outra, olha pra mim, dá risada e depois volta ao que estava fazendo, como se eu fosse só uma miragem, uma visão legal que ele teve, mas que não tirou sua concentração anterior. Uma vez tive que levar, por conta do horário, e aí foi o chororô, mas depois dessa, passei a deixar ele cansar da  brincadeira antes de leva-lo. O problema é quando ele não quer sair do colo de uma das educadoras. Ele tem um apego muito grande com ela e vice-versa. Eu não posso nem ficar enciumada, porque pior seria se ele não se entendesse com nenhuma delas. Mas ver seu filho preferir o colo de outra ao seu, vou te dizer que não é das vivencias mais interessantes...
De toda forma, só posso ficar feliz que ele está bem adaptado ao local. Luca não é dos guris mais dados, não. Ele analisa muito o ambiente e as pessoas antes de se soltar. E nem sempre se solta. E como eu disse em outro post, não acho isso ruim. Acho um mecanismo de defesa importante, e que aos poucos ele vai aprendendo a dosar isso. Mas na creche ele se solta, coisa que ficou visível outro dia pra mim quando fomos numa atividade num sábado, um piquenique. E foi pra lá de divertido vê-lo tão à vontade, dançando, rindo, brincando.

Minha alegria nesse ano não poderia ser maior. Apesar de todo o cansaço das noites mal dormidas, das dúvidas e ansiedade com esse novo papel que me cabe, acho que o balanço foi positivo. Depois de um ano de nascida uma família, posso dizer do tanto que aprendi e do tanto que me estimulam as próximas fases que se aproximam...

...

Fiquei meio sem saber como terminar esse post. Acho que vou deixa-lo assim mesmo, inacabado, porque a experiência de ser mãe é obra que, definitivamente, não acaba nunca.


Nenhum comentário:

Postar um comentário