sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Mininu Erectus

O sétimo mês de Boluca começou movimentado. O primeiro prejudicado, claro, foi o sono... Depois de uns dias dormindo bem, mininu voltou a acordar pelo menos duas vezes de noite, querendo mamar... Mas, depois que iniciamos a alimentação, e considerando o tempo que ele leva mamando antes de adormecer, eu e Edu estamos desconfiados que esses despertares tem menos a ver com fome e mais com vontade de um aconchego, uma companhia, e também com o fato de que não é sempre que ele consegue adormecer sozinho novamente. E quando isso acontece, ele nos chama.

Tenho tentado decifrar seus gemidos noturnos, para não levantar sem necessidade, ou mesmo despertá-lo sem intenção. E foram várias as vezes que ele acordou, começou a gemer e em poucos minutos o silêncio se fez novamente. Ou seja, mininu consegue dormir sozinho, mas ainda não sabe bem disso.

Mas, pra variar, a questão do sono está diretamente relacionada com as novas descobertas. Luca cada dia mais conquista autonomia para se locomover, buscar as coisas que são do seu interesse, demonstrar os seus desejos. Além de ter  definitivamente aprendido a engatinhar, neném já se senta sozinho com habilidade, vai em busca dos brinquedos que lhe interessam no amplo espaço que montamos pra ele com tatamis de borracha, deixa claro quando quer ficar no colo e quando não quer (e gosta mais do chão, acreditem). 

Ademais, começou o mês tentando ficar de pé, e terminou se escorando onde dá, arriscando soltar a mão por alguns segundos e até se erguendo e se sustentando sozinho. A pediatra pediu pra não incentivar, e aqui em casa ninguém estimula, mas mininu faz sozinho e reclama quando o tiramos da posição erectus. Só nos restou comprar cantoneiras para as quinas dos móveis e baixar o berço até o fim, mandando o tatu pro seu buraco. 

Outra grande novidade do mês foi a introdução de novos alimentos. É uma grande mudança, pra ele e pra mim, já que agora não basta tirar os peitos pra fora para alimentar meu gordinho. É preciso escolher os alimentos, lavar, preparar, conservar e... limpar a bagunça após cada refeição... Nos primeiros dias, cada vez que ia comer, Luca aproveitava para hidratar a pele do rosto, das mãos, o cabelo... Isso já melhorou bastante, mas é claro que o babador não pode ser dispensado... Ele já come legumes e frutas, e já não pede peito logo depois da refeição, mas continua mamando bastante. Eu também não passei a regular mamadas por conta da alimentação sólida. Aliás, até ele completar um ano, vai mamar sempre que quiser.

No mais, Luca cada dia mais nos mostra um pouco do seu temperamento: esse mês decidiu que não quer que troquem sua fralda nem sua roupa, muito menos se estiver com fome ou sono, ou os dois. É uma gritaria desproporcional ao tamanho do guri, um protesto mesmo! Pelo menos já sabemos que sabe reivindicar. Tem futuro na militância o Bolota. Aí quando a gente vê que a agonia é demais, cedemos e trocamos num outro momento – exceto após o banho, que ele está como veio ao mundo... Mas na maior parte das vezes, uma gracinha, uma música e uma fralda limpa para ele brincar tem resolvido o problema.

Lições de nenenzês: a missão? o retorno?, já não sei mais, pois cada mês é uma novidade. Agora Boluca já está começando a articular algumas sílabas, tipo dédédé, nhanhanha e... mãmãmã! O pai ficou louco de ciúmes, disse que não tinha nada a ver com mamãe, e no começo parecia mais uma reclamação genérica, depois passou a estar mais claramente relacionado com o peito. Mas me parece que ele identifica o som com a minha presença ou mesmo a do Edu. E, no fim, agregou ao seu repertório um outro som: bábábá, que me parece uma tentativa de pápápá. A conferir nos próximos capítulos dessa saga...

Esse mês, como no passado, fizemos outra grande viagem, mas dessa vez a família toda: Boluca, eu e Edu passamos 15 dias viajando por Argentina e Uruguai, visitando 3 cidades diferentes e marcando a passagem de ano de frente pro mar. Nem preciso dizer que pra mininu não faltou novidade – às vezes até demais pra cabecinha dele processar na mesma velocidade... A cada mudança de base, ele também estranhava um pouco, incluindo a volta pra casa... esses eram dias que demandavam mais paciência e compreensão com o bichinho, que sente mais que a gente cada pequena alteração na rotina. Mas ele se saiu muito bem e se revelou um ótimo companheiro de viagem, e fazia amigos por cada lugar que passava – quando estava acordado, é claro... Só dispensava nos acompanhar numa cerveja e numa farra noturna, e nós, solidários, cedíamos ao seu desejo, hehehe...

Luca seguiu com seus hábitos mais ou menos organizados, incluindo as sonecas diurnas e a alimentação, além das conquistas diárias, parte do seu desenvolvimento. Na verdade acho que pra ele tanto faz onde ele vai estar, basta ter o peitinho, a mamãe e o papai, que ta tudo certo. Mas a parte logísitica da viagem teve que ser toda pensada em função dele. Por exemplo, tivemos que buscar hotéis com estrutura de cozinha no próprio quarto, para viabilizar a comidinha dele, e devo dizer que foi a melhor decisão que tomamos, porque durante alguns dias que isso ficou meio atrapalhado e ele se alimentou exclusivamente de papinhas industrializadas, a coisa não rolou legal, e o guri ficou o intestino bem incomodado, tadinho... Descobri que a lenda de que todo bebê AMA papinha Nestlé não é exatamente verdadeira...

Em Buenos Aires, me recomendaram fortemente que visitasse o zoológico, que se tratava de um passeio super interessante, com o qual me animei na hora, certa de que Luca, já tão atento ao que acontece à sua volta, iria adorar os animais... Mas o sol estava tão forte, o dia tão quente, que o guri ficou num mau-humor horroroso, só queria ficar no colo e não tava nem aí pros bichos. Quando olhava pra algum deles, era com desprezo. E quando comecei a ver vários pais carregando crianças bem maiores que Luca no colo, que estavam cansadas e reclamando, entendi que o problema não era meu filho... Bem, mas pra quem possa interessar, sim, o zoológico de Buenos Aires é um passeio super bacana e, apesar de estar meio abandonado no que tange à conservação das estruturas, vale a visita.

Fizemos uma passagem por Montevideo, por menos dias que gostaria, e num período meio complicado para passeios, pois passamos a véspera de natal e o natal por lá. Os uruguaios são loucos com fogos de artifício, soltam no meio da rua, sem qualquer preocupação com a segurança. Ao que parece, na Argentina também, porque tivemos notícias de muitos feridos na noite do dia 24 por lá... Nós passamos a noite dentro do hotel, compramos um vinho e um queijo pra brindar a data, que pra nós tem um significado mais especial, por conta da nossa história como casal. Tentei várias vezes por Luca pra dormir, mas acho que ele sacou que aquela não era uma noite como as outras, e ficou ligadão até perto de meia-noite, quando finalmente se rendeu. A fogueteria começou, mas ele nem tchum. Diferente do ano novo, que ele atravessou com a gente e ficou vidrado nos fogos explodindo sobre o mar, na lindíssima cidade de Piriápolis, também no Uruguai. E, para nossa surpresa, sequer se assustou com o barulho. Foi uma passagem de ano pra lá de especial, a primeira de Luca, a primeira em família.

Piriápolis fica no litoral uruguaio, no caminho para Punta Del Este. Fomos pra lá por ser um lugar mais calmo que Punta, para que pudéssemos ficar perto do mar e pegar uma praia com Luca. De minha parte, eu estava muito a fim de uma praia, pois depois que mudei da Bahia, não tinha mais pisado na areia. De outro lado, queria muito que ele visse o mar, queria ver sua reação. E foi muito bacana. O mar é bem frio, bem frio mesmo, mas com muito sol e céu muito limpo, que dá até pra encarar um mergulho. Claro que foi o que eu fiz, assim que pisei na areia.

Ir à praia com um bebê, no entanto, é tarefa que dá uma certa preguiça. Nem tanto pela tralha toda – protetor solar, chapéu, brinquedos, uma piscina inflável etc. – mas mais pela falta de controle do guri. Estendemos duas cangas grandes embaixo de um guarda sol, Edu encarou o mar frio pra encher a piscina e deixar a água esquentando um pouco no sol, besuntamos mininu com bloqueador solar, metemo-lhe um chapéu e uma fralda para água e colocamos o guri na canga rodeado de brinquedos. Mininu olhou um, pos outro na boca, bateu palminhas (ah, essa foi a outra novidade do mês!), deu risada das nossas palhaçadas para entretê-lo e... descobriu a areia. Não preciso dizer que bebês descobrem o mundo pela boca né? Luca queria saber o gosto da areia, é claro...

E se fosse só saber o gosto, ainda tava de boa, o problema era meter a mãozona no olho, porque aí ia doer. Bem, mas não deu pra deixar de dar risada com a cena, até que aquilo ficou estressante demais, e levei ele pra ver o mar de pertinho. Foi uma reação curiosa: ele olhou, fez uma carinha de medo com as ondas batendo (e olha que o mar era bem calmo) e se agarrava no meu colo... depois eu fiquei fazendo o movimento das ondas com ele, o barulhinho da água, até que agachei pra ele ver mais de perto. Num outro dia, botei ele de pé na areia e deixei a água bater no pezinho dele. E ele adorou, foi um barato. Depois, ficou olhando com a maior atenção o mar, quase hipnotizado por aquele movimento incansável das ondas, que tanto me fascina também... filho de peixe... foi muito lindo.

Bem, mas essa viagem também foi o desfecho para o encerramento da licença maternidade, que durou 7 meses no total (6 meses de licença, emendados com um de férias) e foi curtida intensamente a cada dia. A narrativa do próximo mês já trará um novo elemento, o da separação para o meu retorno ao trabalho. Mas minhas perspectivas são muito boas. Depois de muita reflexão, decidi não sofrer por antecipação, e encarar o momento como parte da nossa vida familiar, e como uma experiência que pode ser muito positiva para todos nós. Sei que ele vai entender que não só preciso como quero voltar a trabalhar, mas que o foco continuará nele, e que estarei com ele todo o tempo que não estiver em serviço. Aproveitamos muito esses meses juntos, criamos e fortalecemos nossa díade, estando prontos para enfrentar novos desafios e viver novas aventuras.

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